“Dormir com as estrelas, mergulhar em águas azul-turquesa e apanhar sol numa ilha deserta”. Podia ser o slogan de um anúncio para umas férias paradisíacas nas Caraíbas ou nas Maldivas, mas é simplesmente o que está escrito no site da Barco Casa, na Ria Formosa, na Fuzeta.
O fundador da empresa conhece bem esta realidade, por isso mesmo, quis transportar as suas memórias de infância para um modelo de negócio, através de embarcações auto-suficientes. Estes barcos casa permitem aos hóspedes desfrutarem de uma tranquilidade que já só se encontra em pleno mar.
“Desde pequenos que fomos habituados pelos nossos pais a dormir nos veleiros durante o verão, faz parte das nossas vivências no Algarve”, conta à NiT, Ricardo Badalo, de 38 anos. “Esta foi uma ideia que desenvolvemos, porque estivemos sempre muito ligados ao mar e à própria construção naval.”
E acrescenta: “O meu pai teve um estaleiro naval e era construtor de barcos de pesca. Há 20 anos, eram aproveitados subsídios do Estado para destruir frotas — na altura ainda de madeiras — e construir novos equipamentos, que davam lugar a embarcações de fibra e outros materiais, mais resistentes”.
No entanto, quando acabaram os tais apoios do Estado, surgiu a necessidade de lhes dar um novo uso. Assim, foram brotando as várias ideias de turismo marítimo de Ricardo, como os aqua-táxis, passeios na Ria e várias outras atividades — sempre relacionadas com a água.
Os barcos casa surgiram em 2014, a partir da ideia de construir uma embarcação flutuante, mas com melhores condições do que aquelas em que Ricardo encontrava nos veleiros de infância. “Um cliente que, se calhar, está habituado a estadias num hotel irá estranhar a experiência”.
Por isso mesmo, o objetivo passou por criar um barco “com a melhor comodidade e estabilidade possível”. Mas, como alerta Ricardo: “Claro que vai sempre balançar, mas será sempre muito menos do que se fosse um pré-fabricado, por exemplo”.

As hipóteses são variadas. O Barco Barra Velha, por exemplo, alberga toda a família com capacidade para receber o máximo de seis adultos e quatro crianças. Por outro lado, o Barra Nova é ideal para uma experiência mais romântica, com apenas dois adultos. Pode ainda optar pelo Barco Ilha da Culatra, que recebe até dois adultos e duas crianças; ou o Barco Casa da Ria, com lotação máxima para quatro adultos.
Pode parecer o mais elementar possível, mas Ricardo Badalo não se cansa de falar sobre os colchões nas embarcações. “São tão confortáveis como os de casa”. Isto porque, normalmente, são feitos de esponja e nunca são otimizados com as medidas estandardizadas. “Os nossos são e isso é algo que raramente se encontra noutros serviços”.
Por sua vez, o pé direito é alto o suficiente para que todos possam aceder às divisões de pé, sem que precisem de se curvar, e os corredores são largos. As casas de banho têm todas as comodidades essenciais, como champôs e gel de duche, lavatório com água quente e fria, toalhas de rosto, de mãos e de banho.
A cozinha conta com uma série de equipamentos, de chaleiras a micro-ondas e frigoríficos até aos produtos básicos essenciais, como azeite, vinagre, café, sal. Mediante reserva prévia, pode também pedir um fogão a gás portátil, para preparar as refeições com o verdadeiro sabor de casa. No entanto, também é possível escolher opções do menu da marca, onde são servidas as refeições no próprio barco (embora seja necessário reservar com alguma antecedência).
Apesar de o barco casa não se mover por se encontrar fundeado na zona da Barra Velha, existe um semi-rígido que se desloca de forma independente, a remos e sem motor. As praias desertas encontram-se a cerca de 50 metros do barco casa, o que parece ser um plano bastante apelativo para lhes dar uso. Já as deslocações até à vila mais próxima requerem os serviços do aqua-táxi, com a duração de cerca de 10 minutos.
Outra das preocupações da empresa sempre passou pelo sentido da responsabilidade ecológica. “Temos uma tecnologia avançada para que os barcos sejam autónomos energeticamente”. Existem painéis solares, um termo-acumulador solar que permite ter água quente a bordo e até mesmo um depósito interno de águas residuais que são recolhidas regularmente por um barco de apoio, preparado exclusivamente para esse efeito, para não contaminar as águas da Ria Formosa.
Existem ainda várias atividades disponíveis para se aventurar durante a estadia, como a observação de golfinhos e de cavalos-marinhos, pesca desportiva, fazer vela durante a tarde, snorkling e até mesmo bird-watching. “Ainda este verão vamos lançar um novo produto que é um catamarã com quatro suites, onde vamos fazer passeio na costa com possibilidade de dormir no quarto, mais direcionado para as famílias”.
No fundo, trata-se de uma verdadeira experiência náutica, mas sem a parte desconfortável e arriscada do imponente e imprevisível alto mar. Ainda assim, Ricardo não deixa de apontar algo que “ou pode correr muito bem ou muito mal”.
“Hoje em dia, as pessoas estão habituadas a passar tempo nos resorts, bastante espaçosos, com wi-fi e uma série de distrações. Aqui ficam muito mais próximas uma da outra, comunica-se muito mais do que se calhar no dia a dia”.
As reservas podem ser feitas online e variam consoante a época de inverno ou de verão. Por exemplo, para o Barco Casa Barra Velha, os valores variam entre 175€ e 490€ por noite. No caso do Barra Nova, a estadia oscila entre 150€ e 390€.
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