Os dez navios elétricos adquiridos no âmbito da renovação da frota da Transtejo deviam começar a navegar ainda durante 2022. A novidade foi anunciada em maio desse ano, altura em foram divulgadas imagens das embarcações. Contudo, após várias complicações, só vão começar a fazer a ligação entre Lisboa e a margem sul do rio Tejo a partir do segundo semestre de 2024.
Em 2022, o plano da empresa passava por receber quatro embarcações elétricas, mas apenas uma foi entregue. Por enquanto, existe uma segunda já em testes e, sabe-se agora, as restantes três só devem chegar a Portugal no final deste ano, caso o processo não sofra mais perturbações. O terceiro vai ser lançado à água a 4 de maio e o quarto será testado até ao final de setembro de 2024.
Além de colocar toda a nova frota operacional, o desafio passa por garantir a operacionalidade das atuais embarcações. A empresa quer ter em funcionamento onze navios em vez dos seis atuais, avançou esta quinta-feira, 14 de setembro, Alexandra Ferreira de Carvalho, presidente do conselho de administração da Transtejo, aqui citada pelo “Observador”.
A porta-voz da empresa adiantou ainda que os navios que estão ao serviço “são antigos e apresentam avarias constantes”. Como solução, aponta o funcionamento das cinco embarcações que se encontram no estaleiro, para evitar as supressões mensais nestas ligações.
Um rio de problemas
O primeiro navio elétrico da Transtejo chegou a Lisboa em março, acompanhado de polémica. Além de atrasado, o primeiro elemento da frota veio com danos no casco e teve de ser reparado. Segundo fonte oficial da empresa, os danos sofridos terão ocorrido durante a viagem, devido às más condições de transporte.
Sem especificar a gravidade dos estragos, a Transtejo adiantou logo que a responsabilidade de avaliação de danos e da sua reparação pertence aos Astilleros Gondán, o fabricante espanhol que fretou o transporte.
Batizado de Cegonha-Branca, em homenagem à ave autóctone característica do estuário do Tejo, a embarcação abre espaço para os restantes nove barcos ainda por entregar. Os nomes escolhidos para os restantes elementos da frota devem seguir a mesma lógica.
As controvérsias não ficam por aqui. Outro tema que gerou debate foi a aquisição de nove baterias, no valor de 15,5 milhões de euros, um contrato adicional ao que já tinha sido assinado pelo Tribunal de Contas (TdC), correspondente a 52,4 milhões. No entanto, só um deles é que tinha a bateria para a realização de testes. O tribunal acabou por chumbar a sua compra a 19 de março.
Inicialmente, estava previsto um investimento global de 57 milhões de euros e gastos de aproximadamente 33 milhões de euros na manutenção. Os números correspondiam a um período entre 2020 e 2035. Com a alteração dos valores, o Plano de Renovação da Frota da Transtejo atinge um máximo de 70 milhões de euros de investimento nos navios e aproximadamente 29 milhões de euros para a manutenção até 2036.
A Transtejo é a linha que assegura as ligações fluviais entre Lisboa e o Seixal, Montijo, Cacilhas e Trafaria/Porto Brandão. Com a previsão de que o primeiro navio será entregue este ano, as operações passam por Cacilhas, Montijo, Seixal e distrito de Setúbal.