Se costuma passear pelo centro de Lisboa é impossível não ter reparado nelas, mas nesta era digital nem precisa de estar perto da capital para saber do que estamos a falar. Desde o início de novembro que a Internet foi invadida por imagens das luzes de Natal da zona do Chiado, junto ao largo e à saída do Metro, bem no centro da cidade.
O motivo para tanta partilha e réplica — e posteriores comentários — é o caráter insólito destas iluminações: natalícias sim, sem dúvida, porém num formato inesperado, longe das habituais bolas, sinos, flores, coroas ou anjos: são, ou pelo menos parecem representar medusas ou alforrecas. Mas há quem defenda que são caravelas portuguesas, candeeiros, cogumelos ou chapéus de chuva.
O debate instalou-se: muitos consideram as iluminações bonitas, ousadas, diferentes, marcantes, originais. Algumas pessoas, pensam que as luzes são inadequadas, despropositadas ou simplesmente não as entendem: serão mesmo alforrecas?
A NiT foi tentar descobrir a resposta a esta questão — e a tarefa não foi fácil. A primeira possibilidade de uma explicação poderia estar, quem sabe, nos Armazéns do Chiado, caso fosse esta entidade comercial responsável pelas luzes, uma hipótese pela sua proximidade e localização.
Só que não foi. Fonte da comunicação dos Armazéns explicou-nos que apenas a iluminação do edifício e circundante está a cargo da empresa gestora da unidade comercial, pelo que estas luzes, na Rua Garret, não estavam a seu cargo.
Talvez a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior (à qual a rua pertence) — já que muitas das luzes de Natal são colocadas pela autarquia da capital mas muitas outras, normalmente até as mais diferentes e específicas, são colocadas pelas juntas locais — nos pudesse ajudar.
Mas também não foi o caso, tendo a junta remetido para a autarquia. “A iluminação de Natal a que se refere está ao encargo do município de Lisboa”, foi-nos adiantado.
Da Câmara de Lisboa, a NiT não conseguiu obter a explicação ou descrição desta escolha. A ajuda veio da comunicação da União de Associações do Comércio e Serviços (UACS) — que este ano organiza, juntamente com a Câmara Municipal de Lisboa, a iniciativa de iluminação das luzes da capital.
Foi daqui que nos explicaram que as luzes daquela zona foram uma criação da empresa Castros. uma das mais reputadas do setor em Portugal. E esta empresa enviou, por intermédio da UACS, a explicação à NiT.
“Somos artesãos da luz experientes e inovadores. Colocamos o nosso toque especial em cada uma das nossas criações estilizando muitos dos elementos mais tradicionais”, começa por explicar a empresa.
Sendo esta uma época natalícia, adiantam os responsáveis, “não poderíamos deixar de integrar elementos característicos, como pinheiros, laços, prendas, estrelas, bolas de Natal, trenós, presépios, flocos de gelo, as tradicionais luzes de Natal”.
Mas decidiram ir “mais além”. E explicam porquê: “com uma visão cada mais orientada às realizações artísticas, a Castros tem desenvolvido criações imersivas e marcantes, sejam elas ícones associados à história ou ao local, elementos que nos remetem para o imaginário, ou que nos despertam para questões que estão na agenda do dia, como a sustentabilidade ou a globalização, entre outros, e que no final se integram nas festividades enquanto elementos de destaque e diferenciadores”, enquadra a mesma fonte.
Assim, partindo “do conceito de sustentabilidade”, procurou-se “apresentar um elemento que pudesse ser associado a Lisboa para retratar esta temática.”
Daí estas luzes que são então, oficialmente, caravelas portuguesas. “A cidade de Lisboa está intimamente ligada aos descobrimentos e aos mares e daí, de entre outras, surgiu a proposta de criar um mar de luz repleto de caravelas portuguesas, materializadas com recurso a materiais reciclados e recicláveis”, conclui a Castros.
Recorde-se que, no passado dia 19 de novembro, Lisboa pintou-se de luz, cor e magia de da quadra. As iluminações acenderam-se pelas ruas. E o famoso, gigante e tradicional pinheiro de Natal de 30 metros, no Terreiro do Paço, também ficou iluminado.
Segundo a União de Associações do Comércio e Serviços e a Câmara Municipal de Lisboa, que se juntaranm na iniciativa deste ano, a capital é iluminada com recurso a cerca de dois milhões e 100 mil lâmpadas de baixo consumo com tecnologia LED.
Estes diodos emissores de luz permitem uma poupança energética na ordem dos 80 por cento face às antigas ampolas incandescentes. As luzes estarão espalhadas por 50 locais, entre praças, ruas e avenidas.
Com mais de 770 instalações luminosas que totalizam mais de 210 quilómetros de cordão de luz, a cidade terá diversas ruas com adereços de Natal, com destaque para a zona pedonal da Rua Augusta e a Praça Luís de Camões. A novidade deste ano será a distribuição por alguns pontos específicos de instalações denominadas de photocall, com efeitos como arcada de luz, um trenó e um marco do correio.
“Este ano é especial para nós”, adiantou Maria de Lourdes Fonseca, Presidente da Direção da UACS. “É um ano de mudança em que estamos a voltar a poder estar todos juntos e a comemorar esta época que se avizinha, que é das mais importantes para muitos famílias portuguesas, que se reúnem para assinalar o Natal. Desta forma, é com muito entusiasmo, que voltamos a reacender as luzes da cidade de Lisboa para dar brilho ao presente com um olhar no futuro”, afirma.
A NiT andou pelas ruas do centro da capital a capturar os pontos mais icónicos e iluminados da cidade e mostra-lhe como está bonita Lisboa neste Natal de 2021. Carregue na galeria e descubra.