Na cidade

Anna Westerlund sobre Zmar: “Sinto que estou a viver numa ditadura”

Viúva de Pedro Lima revolta-se contra a requisição civil feita pelo governo para apoiar os doentes com Covid-19 da zona de Odemira.

A ceramista Anna Westerlund mostrou-se indignada com a requisição civil do Zmar feita pelo governo. Num longo texto publicado nas suas redes sociais esta sexta-feira, 30 de abril, aponta vários motivos para estar desagradada com a situação.

“Desde ontem que sinto que estou a viver numa DITADURA!!”, começa por escrever a também viúva do ator Pedro Lima, que morreu em junho de 2020, para depois explicar: “Temos uma casa no Zmar Eco Experience, e o governo decidiu que a temos de disponibilizar para receber doentes Covid de Odemira a maior parte deles trabalhadores nas estufas locais. Diz o primeiro ministro que eles têm direito a viver em condições dignas (obviamente, mas esse direito não começou ontem!)”

Entre os argumentos utilizados, Anna Westerlund afirma que não é desde que começou a pandemia que os trabalhadores das estufas “vivem em cima uns dos outros enfiados em casas sabe-se lá em que condições”. Ao mesmo tempo, aponta o dedo aos empresários “que os contratam” e que deveriam ser “responsáveis por eles” e ao Governo, “que fecha os olhos à quantidade deles que devem estar ilegais”.

“O Zmar está já há muito tempo numa situação financeira difícil e agora que tinha um investidor decidido a dar ao Zmar a dignidade que merece, acontece isto. Pergunto eu se o investidor desistir, quem é que se vai preocupar com os 200 trabalhadores do Zmar que vão ficar sem trabalho?”

Além de salientar a dinamização turística que o empreendimento fez na zona, a ceramista deixa outra pergunta no ar: “Se o Zmar fechar quem é que se vai preocupar com os proprietários que ficam com casas na ‘terra de ninguém’?”

Caracterizando a situação que está a ser vivida naquele lugar como “muito grave”, Anna diz ainda que, mais do que uma tentativa de resolver a questão da pandemia naquele local, a requisição civil “é o camuflar de uma descaracterização daquela região que se enche de estufas, da ganância económica que não pára para pensar nem olha a meios”.

O governo decretou “a requisição temporária, por motivos de urgência e de interesse público e nacional, da totalidade dos imóveis e dos direitos a eles inerentes que compõem o empreendimento Zmar Eco Experience, localizado na freguesia de Longueira-Almograve”, bem como a cerca sanitária às freguesias de São Teotónio e Longueira-Almograve, para tentar controlar os casos de infeção por Covid-19 naquela zona.

O objetivo da requisição do empreendimento é a realização do “confinamento obrigatório e do isolamento profilático por pessoa a quem o mesmo tenha sido determinado”. Ainda assim, há vários proprietários do Zmar indignados com as medidas adotadas.

“Pelos vistos nós cidadãos comuns que cumprimos com as nossas obrigações, perdemos facilmente os nossos direitos a favor de empresários que não tomam conta dos direitos dos seus trabalhadores”, desabafa ainda Anna Westerlund.

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