André Frade não sabe como nasceu a sua paixão pela meteorologia, mas acredita que é “algo inato”. Embora ninguém da sua família trabalhasse na área, desde pequeno que se recorda de “espreitar pelas janelas a observar a chuva e a trovoada”. “Sempre me fascinou”, revela à NiT o jovem de 28 anos.
Cresceu numa vivenda na Atalaia, no Montijo, e os pais achavam curioso que o filho tão pequeno se interessasse por fenómenos atmosféricos. “Acabaram por me influenciar bastante, compraram-me enciclopédias. Isto há 15 ou 20 anos, numa época em que a internet não era como hoje”, recorda.
Ao contrário dos outros rapazes da sua idade, André não tinha interesse por carros ou bolas de futebol. Com apenas 12 anos, o que realmente desejava era uma estação meteorológica como presente de Natal. Fez o pedido aos pais, sem grandes esperanças, mas para sua surpresa, acabou por receber o aparelho, que mede dados como a temperatura e a humidade.
“O presente fez crescer a minha paixão pela meteorologia. Já tinha algum conhecimento sobre estas ferramentas, pois não são muito complexas”, conta. Nessa altura, inscreveu-se num fórum online chamado “Meteopt”, que o levou a criar o projeto “MeteoMontijo”, em 2010.
“Era um site muito pequeno, mas foi uma experiência engraçada, porque fui eu que o desenvolvi todo sozinho, tendo em conta a minha idade. Escrevia sobre o estado do tempo na região”, recorda. Aos 12 anos, o rapaz que sonhava em estudar climatologia e meteorologia já era conhecido na aldeia como o ‘miúdo do tempo’, uma alcunha que ainda hoje o acompanha.
Em 2014, o projeto ganhou visibilidade na televisão pela primeira vez. André foi convidado para dar algumas entrevistas em programas da SIC, como o “Jornal da Noite” e o extinto “Boa Tarde” com Conceição Lino, experiências que lhe abriram novas portas. Com o reconhecimento, o número de seguidores cresceu e as suas redes sociais foram-se expandindo.
“Aos 18 anos decidi fazer uma pequena pausa dos estudos e tive a oportunidade de trabalhar numa rádio regional, onde comecei a dar previsões meteorológicas diariamente de manhã. As coisas correram bem e acabei por ser contratado, numa função que não estava diretamente relacionada com meteorologia”, revela. A experiência levou-o a descobrir uma nova paixão: a comunicação social.
Após explorar outras áreas, André decidiu voltar a dedicar-se ao projeto que tinha iniciado 10 anos antes. Em 2020, o “MeteoMontijo” renasceu com um novo nome e conceito: “O André do Tempo”. Agora, o objetivo não era apenas focar-se na cidade do distrito de Setúbal, mas sim abranger todo o território nacional e, simultaneamente, educar o público sobre conceitos específicos da ciência que estuda a atmosfera.
No final de julho, lançou oficialmente o site, que atualmente gere com a ajuda de André Silva, de 33 anos, licenciado em Meteorologia, Oceanografia e Geofísica. “O objetivo é oferecer conteúdo lúdico e educativo, como artigos sobre poeira oriunda de África ou alterações climáticas”, sublinha. Tudo isso, claro, com uma linguagem acessível.
Trata-se de “um projeto feito por pessoas, para pessoas”, cujo intuito é desmistificar a ideia de que “a meteorologia é algo aborrecido”. “Em O André do Tempo, tentamos inverter essa perceção, procurando manter uma proximidade com o público através das redes sociais, onde estamos quase a alcançar 100 mil seguidores”, refere.
Atualmente, André está totalmente dedicado ao projeto, que acredita estar a caminho de se tornar “uma das maiores fontes informativas sobre meteorologia em Portugal”. Ao mesmo tempo, está focado em concluir a sua licenciatura em Geografia, com a intenção de seguir um mestrado em Meteorologia.
“O foco agora é o crescimento do ‘André do Tempo’ enquanto marca e empresa. No futuro gostava também de fazer colaboração com alguma televisão”, confessa.