Miguel Mello nunca foi propriamente um adepto fervoroso de caminhadas. Pelo menos até há cinco anos, altura em que aprendeu a gostar de sair do sofá e passear na floresta ou na montanha. Umas vezes sozinho, outras acompanhado.
A morar em Lisboa, aproveitava o tempo livre que tinha para caminhar especialmente pela zona de Sintra. “Como comecei a fazer muitos passeios, aprendi a ter sentido de orientação. Fui ganhando experiência e achei que, a certa altura, já estava em condições de levar mais pessoas comigo”, conta à NiT o lisboeta de 51 anos que trabalha com tecnologias de informação.
Sempre adorou fazê-lo desacompanhado, mas “gostava tanto daquilo” que queria começar a partilhar a experiência com outras pessoas. “Já toda a gente conhece e ouviu falar de Sintra, mas poucos têm noção da quantidade de segredos e curiosidades que esta zona esconde”, diz.
Foi a paixão pela natureza e pela rica herança cultural da localidade que o incentivou a fundar em março — e com a amiga Catarina — a Hike in Sintra, uma startup dedicada à promoção do bem-estar e da preservação ambiental através de atividades ao ar livre na região. Mais do que uma simples caminhada, é uma “experiência física, emocional, espiritual e cultural”.
A missão passa por oferecer atividades que combinam exercício físico, a descoberta de tesouros históricos locais e a tranquilidade da meditação. Isto porque Miguel, confessa, também adora meditar — e não há lugar mais místico do que a serra.
Em todos os eventos haverá sempre uma pausa de trinta minutos para meditação vipassana, uma das mais antigas técnicas de meditação da Índia. Foi redescoberta pelo Buda Gotama há mais de 2.500 anos e ensinada por ele como um remédio universal para males universais.
“Tenho sempre o cuidado de dizer às pessoas que não é preciso ter experiência nenhuma. Vou dando indicações e uma breve introdução sobre esta técnica”, explica. Vipassana significa “ver as coisas como elas realmente são” e é um processo de auto-purificação através da auto-observação.
O primeiro evento da Hike in Sintra acontece já este domingo, 12 de maio, e a estreia será um passeio pelo Parque da Pena, desenhado para ser acessível a todas as idades, dos oito aos 80. “Desde janeiro que a Parques de Sintra tornou as entradas gratuitas para residentes portuguesas e achámos que seria perfeito juntarmos esta parte das caminhadas com as visitas”, explica.
Durante o passeio, com a duração de cinco horas, os participantes vão explorar todo o parque, passando por uma série de pontos de interesse que serão explicados por Miguel ao longo do percurso. Será, acima de tudo, uma “jornada de autodescoberta e serenidade”, com momentos de introspeção enquanto caminha nesta floresta mágica.
O Chalet da Condessa D’Edla, o local de recreio e refúgio romântico de D. Fernando e a Condessa d’Edla, e o Vale dos Lagos são alguns dos destaques, assim como a subida até à Cruz Alta, o ponto mais alto da serra. “Não queremos fazer descrições muito exaustivas como acontece nos guias turísticas tradicionais. É algo mais softs, com tempo de meditação pelo meio”, adianta. As caminhadas são fáceis, feitas a ritmo lenta, até porque é essa a filosofia da empresa: ajudar as pessoas a abrandar e a aproveitar melhor o que está à volta.
O ponto de encontro é no parque de estacionamento D. Afonso Henrique, às 9 horas, onde depois apanharam transfer até ao parque (9,10€ para quem não é detentor do passe Navegante”. O evento custa 10€ por pessoa e as inscrições podem ser feitas online.
Depois desta estreia, a Hike in Sintra vai começar a organizar atividades uma vez por mês, sempre aos domingos. Em julho, dia 16, já está marcada uma visita ao Palácio de Monserrate.
Se preferir ficar por Sintra mais do que uma manhã, aproveite e leia o artigo sobre o novo refúgio romântico e encantado da região que parece ter saído de um conto de fadas. Carregue na galeria para conhecer o Santa Maria Bejuco Homes.
