A Web Summit já estava envolvida em polémica ainda mesmo de começar, sobretudo devido aos comentários do antigo CEO, Paddy Gosgrave, sobre o conflito entre Israel e o Hamas. Estrelas de Hollywood e líderes de gigantes tecnológicas como Amazon, Apple e Google começaram a cancelar a presença na cimeira tecnológica.
A concretização do evento chegou a ser colocado em causa, mas realizou-se efetivamente entre os dias 13 e 16 de novembro, na Altice Arena — e recebeu convidados tão inesperados que nem a própria organização estava a par. Na quarta-feira, o último dia da cimeira, ativistas fizeram-se passar pelo DJ Marshmello e pelo executivo da adidas e invadiram a Web Summit. O problema? Nenhum dois dois esteve realmente presente no local. A mentira só foi descoberta passado 24 horas.
Tudo começou quando um executivo chamado Aristide Feldholt, inscrito como diretor financeiro da Adicoin, uma criptomoeda ligada à Adida, subiu a um dos palcos para uma sessão sobre “democratização de riqueza através de um novo tipo de cripto”. A sessão seria, ao mesmo tempo, a festa de lançamento, que incluía o produtor musical que atua sempre com o rosto tapado.
A farsa foi revelada pelos próprios ativistas, os The Yes Men, conhecidos pelos pseudónimos de Andy Bichlbaum e Mike Bonanno. Segundo a dupla, a organização do evento acreditava que tinha convidado o músico e a adidas para discursar na edição de 2023, mas tudo o que tiveram foi uma “cabala bem organizada de ativistas que conceberam uma sátira para atingir a marca por inação sobre questões laborais”. O grupo admite que “centenas de participantes aplaudiram entusiasticamente” a palestra e até mesmo os jornalistas, na conferência de imprensa, “não fizeram questões difíceis”.
O verdadeiro DJ Marshmello confirmou nas redes sociais que, de facto, não esteve na Altice Arena na última quarta-feira. “Quem quer que a Web Summit tenha contratado para atuar ou dar entrevistas não sou eu. Peço desculpa a quem se deixou enganar por aquele impostor”, escreveu no X (antigo Twitter).
Os The Yes Men têm como principal objetivo alertas para problemas como os direitos laborais, através de ações mediáticas. A dupla faz-se passar por pessoas conhecidas e com poder, como porta-vozes de grandes organizações, para denunciar a forma como certas empresas agem de forma desumana. Como dizem no próprio site, “destroem marcas, criam ilusões públicas, trabalham com comunidades, perturbam eventos e personificam entidades nefastas”.