Numa altura em que os preços da habitação em Portugal continuam a bater recordes a cada trimestre — e as famílias ainda seguem a tendência pós-pandémica de se afastarem das grandes cidades —, as casas de madeira pré-fabricadas são uma opção cada vez mais popular em Portugal. Além do valor muito mais acessível, estas moradias demoram muito menos tempo a construir do que as casas tradicionais.
“Conseguimos entregar uma casa de 50 metros quadrados pronta a habitar em cerca de 20 dias. No máximo, 45 dias para casas acima dos 200 metros quadrados”, explica Bruno Nicolau, gestor de marketing da MF Casas de Madeira, uma das várias empresas dedicadas unicamente à construção deste tipo de habitação em Portugal.
Os timings tão curtos só são possíveis graças ao processo construtivo, como se fosse um puzzle. Várias partes da casa são produzidas em fábrica e depois transportadas para a futura morada. No terreno, é preciso nivelar e preparar as fundações onde o imóvel vai assentar. Mais tarde, explica a empresa, são posicionadas as vigas estruturais pré-fabricadas, conforme o projeto, que são então fixadas por meio de encaixe, parafusos e outros métodos de fixação.
Com a estrutura base já montada, segue-se a instalação dos sistemas elétricos, de canalização e isolamento. No final, chegam os acabamentos e detalhes, que incluem os revestimentos, portas, janelas, piso, entre outros. É esta simplicidade que permite montar uma casa num período temporal impensável de concretizar no tipo de construção em betão ou tijolo a que estamos habituados.
Ainda assim, claro que os materiais da produção são fundamentais para um resultado de qualidade. Na MF Casas de Madeira, em particular, apenas é utilizado pinho nórdico certificado da Finlândia, reconhecido como um dos melhores materiais para a construção destas casas.
A marca adianta que “este tipo de madeira cresce em condições extremas, com invernos longos e rigorosos, o que lhe confere características únicas que a tornam muito superior ao pinho proveniente de outras regiões”. Entre elas está o alto teor de resina natural, que a torna mais resistente a fungos, insetos e deterioração. É também conhecida pela estabilidade dimensional, o que traz menos variações na madeira com a temperatura ou humidade — tudo aspetos relevantes para a durabilidade e resistência da casa.

Esta também é uma opção super sustentável. Afinal, falamos de um material ecológico, renovável e com menor impacto ambiental. Além disso, a madeira é um excelente isolamento térmico, mantendo os interiores quentes no inverno e frescos no verão.
E isto tudo é garantido com preços mais acessíveis. Por exemplo, o modelo Diana T0 da MF Casas de Madeira tem 23 metros quadrados e custa 27.400€, um valor que inclui a estrutura, entrega, montagem e também a instalação de água, energia e esgotos, assim como o isolamento. A casa de banho também faz parte do projeto, mas a cozinha fica a cargo do cliente, que pode escolher os móveis e o seu estilo favorito em qualquer loja do País. No final, a empresa encarrega-se da montagem na casa por um extra de 60 euros por metro linear.
Já para o modelo Simona T2 XL, de 50 metros quadrados, a MF indica que o custo é de 74.500€. A estes valores acrescem ainda 7000€ do licenciamento pela autarquia, assim como o IVA, e, claro, fatores como o design e acabamentos escolhidos, localização do terreno, despesas administrativas, inspeções, entre outras, terão também impacto no valor final.
Uma tendência no litoral e Algarve que se quer mais simples
A MF Casas de Madeira foca-se em habitações clássicas, de estilo mais campestre. Seja no tom original da madeira ou pintadas de branco, são aquelas casas que idealizamos numa escapadinha romântica. Mas a verdade é que a maioria dos pedidos são mesmo para casas de primeira habitação.
“O principal objetivo das pessoas é conseguir uma casa a preços acessíveis, robusta e com qualidade, chave na mão. Querem deixar a cidade e ter qualidade de vida no campo. Sendo que também temos muitos clientes que se preocupam com a componente ecológica e o ambiente”, avança ainda o responsável da marca que revela também as principais áreas de construção. “É de norte a sul, mas a procura é mais forte no litoral e no Algarve. No Alentejo é mais fraca”, acrescenta o responsável.
Apesar do sucesso e da facilidade na construção, estas casas também exigem licenciamento em Portugal — tal como acontece em todas as moradias.
“É um dos passos mais importantes e que tem de ser garantido antes de se iniciar a construção. A licença de construção municipal e a autorização de uso do solo são indispensáveis. Além disso, é também pedido pela autarquia um licenciamento, que inclui o projeto arquitetónico e especialidades, tal como numa casa tradicional”, explica a MF, que conta com uma equipa dedicada ao processo burocrático e pronta a esclarecer qualquer dúvida nesta área que os clientes possam ter.
Ao mesmo tempo, é preciso perceber se é possível construir estas casas — mesmo que diferentes das construções tradicionais— no terreno em questão. “Embora a nova lei dos solos venha ajudar, notamos pouca vontade em algumas autarquias para libertar terrenos rústicos”, diz Bruno Nicolau.

Quem tiver um terreno urbano não terá qualquer problema em avançar com a ideia, mas o mesmo não acontece com os terrenos rústicos. Não só há mais regras nestes casos, como estas podem variar no Plano Diretor Municipal de cada autarquia.
“Particularmente em Sintra, há famílias com terrenos rústicos onde podiam construir uma das nossas casas para os filhos, visto que é uma opção mais acessível do que com comprar uma casa. Pedem-nos ajuda para tentarmos junto da Câmara, mas há muita resistência”, adianta a empresa, sediada na Terrugem, no concelho de Sintra. A MF Casas de Madeira lamenta também o elevado número de entraves das autarquias para projetos que se destinem a alojamento local e não a uma primeira habitação.
A par disso, tal como qualquer outro imóvel, se o terreno se encontrar inserido na Reserva Ecológica Nacional ou na Reserva Agrícola Nacional, não é possível construir nenhum tipo de habitação.
Da Polónia a Sintra para construir as casas de outros
Com um vasto portefólio, a MF Casas de Madeira é uma empresa recente em Portugal, mas que já existe há mais de 15 anos e acumula uma enorme experiência internacional. Jacek Lopko foi o responsável pela chegada da marca ao País. Aos 26 anos, o empreendedor chegou da Polónia e começou de imediato a trabalhar na área da construção.
“Fez um pouco de tudo, até que há 15 anos começou a montar casas de madeira para outras empresas. Até trabalhou no programa ‘Querido Mudei a Casa’”, conta Bruno.
Há dois anos, Jacek Lopko juntou-se aos amigos polacos que, no seu país, tinham uma empresa de construção de casas de madeira e ficou com a responsabilidade de expandir o negócio em Portugal. Agora, aos 52 anos, constrói habitações que vão de tipologias T0 a T5 por todo o País. Com uma variedade de modelos pré-feitos, a empresa estuda o projeto com cada cliente individualmente para adaptar os modelos ao estilo individual ou até criar um projeto único de raiz.
Carregue na galeria para ver algumas das casas construídas pela MF Casas de Madeira.