Num só dia, a Bluesky teve um aumento de 519 por cento de utilizadores dos Estados Unidos da América na semana de 5 de novembro comparativamente aos primeiros dez meses de 2024. Os números, partilhados pela Similarweb, não mentem: desde os resultados das eleições norte-americanas que colocaram Donald Trump como o próximo presidente do país, os utilizadores têm migrado do X (antigo Twitter) para a nova rede social.
A plataforma, criada em 2019 por Jack Dorsey, também fundador do Twitter, tinha como objetivo formar uma equipa independente para “construir um padrão aberto e descentralizado” para as redes. Dois anos depois, passou a ser liderada por Jay Graber, que permanece no cargo de diretora-executiva. Com a aquisição do X por Elon Musk, em 2022, a Bluesky emancipou-se, tornando-se uma “propriedade da própria equipa, sem qualquer participação detida pelo Twitter”.
Para a Similarweb, que fornece serviços de análise, “esta onda de novos utilizadores marca um ponto de viragem na plataforma”. “O crescimento está ligado ao facto de os utilizadores deixarem o X ou investirem mais tempo a explorar uma alternativa promissora”, referiu a empresa no relatório partilhado a 17 de novembro.
A app tornou-se uma das opções favoritas para quem não se identifica com as políticas ou ideias implementadas no X. Desde a permissão de conteúdos considerados discriminatórios até às mudanças nas políticas de funcionamento da aplicação, muitas pessoas migraram para novas plataformas semelhantes, como a Bluesky.
“Tornou-se um refúgio para as pessoas que querem ter o tipo de experiência nas redes sociais que o Twitter costumava proporcionar, mas sem todo o ativismo de extrema-direita, a desinformação, o discurso de ódio, os bots e tudo o resto”, adiantou Axel Bruns, investigador de redes sociais, ao “The Guardian”.
E os números refletem essa posição, com um crescimento significativo de novos utilizadores, especialmente nos EUA e no Reino Unido. Atualmente, a aplicação reúne 20 milhões de utilizadores. Segundo a Similarweb, além do aumento de 519 por cento numa semana nos EUA, o Reino Unido registou um aumento de 352 por cento.
Até o início de 2024, a Bluesky era restrita a convidados, mas tornou-se acessível a todos em fevereiro. A plataforma permite interações através de publicações de até 300 caracteres, os chamados skeets, que podem receber likes, comentários ou ser partilhados. Há também a opção de interações privadas, como envio de fotografias e mensagens.
Os skeets aparecem no feed, chamado skyline, que pode ser organizado por ordem cronológica, interesses ou temas. A aplicação ainda oferece uma funcionalidade que sugere listas de pessoas com interesses comuns, criadas por outros utilizadores, permitindo seguir ou bloquear contas conforme o conteúdo disponibilizado.
Estas ferramentas têm recebido elogios de utilizadores e especialistas. Axel Bruns descreve a Bluesky como “um retorno àqueles dias de entusiasmo inicial sobre as redes sociais em muitos aspetos”. “Tem sido isso que atrai muitas pessoas. Este tipo de funcionalidade torna a app um lugar mais vibrante e ativo.”