Na cidade

Câmara de Lisboa envia Kit de Reciclagem gratuito a todos os lisboetas​

A taxa de reciclagem em Lisboa é a mais alta do País mas ainda não atingiu os objetivos — e desceu em 2020.
Nunca é tarde para começar.

Praticamente todas as pessoas no mundo já reconhecem a importância para o ambiente do simples gesto de reciclar. Mas muitos ainda não o fazem, por preguiça, desconhecimento de como proceder ou, muitas vezes, porque o difícil é começar (e depois não custa nada). Na capital, a autarquia decidiu dar um incentivo: vai distribuir kits de reciclagem gratuitos pelos 350 mil domicílios postais da cidade. 

A campanha começou esta segunda-feira, 5 de abril. A Câmara Municipal de Lisboa começou a enviar estes kits, visando a promoção ambiental da cidade, apelando a uma maior participação dos munícipes na separação do lixo em casa e à sua correta deposição nos ecopontos.

Compostos por três Ecobags (sacos reutilizáveis e recicláveis produzidos com ráfia de polipropileno 100 por cento reciclado pós-consumo) adequados à separação do papel/cartão, embalagens e vidro, os kits informam sobre a forma correta de separar os três tipos resíduos, elucidando em cada um dos sacos o que deve (e não deve) ser depositado nos ecopontos azuis, amarelos e verdes. As informações que vêm anexas encaminham também os lisboetas para a página do site da CML que informa sobre a localização dos ecopontos e os dias de recolha de cada resíduo.

O vidrão caseiro que os alfacinhas vão receber.

O objetivo da iniciativa é, frisa a autarquia, o de sensibilizar a população para a importância ambiental da reciclagem, bem como do papel que cada um deve ter no tratamento dos resíduos urbanos e na promoção de uma cidade mais limpa e sustentável.

A campanha tem lugar após ter sido feito um reforço dos equipamentos na via pública: recentemente foram instaladas, diz a CML, mais 280 eco-ilhas subterrâneas, 500 novas papeleiras e novos contentores em várias zonas da cidade, designadamente no novo sistema de recolha bilateral em bairros municipais com um total de 782 contentores.

Foram também realizados investimentos nos sistemas de recolha dos bairros históricos, na frota de remoção, em recursos humanos (263 novos cantoneiros) e melhoria das condições de trabalho, bem como após a revisão do Regulamento de Gestão de Resíduos, Limpeza e Higiene Urbana de Lisboa e a transferência de competências e de verbas para as juntas de freguesia, para reforço dos serviços de limpeza urbana.

Em 2019, acrescenta o município, foram recolhidas em Lisboa 331.327 toneladas de resíduos, sendo a taxa de reciclagem e preparação para reutilização de 35,3 por cento, a mais alta do País. Confirmava-se assim neste ano, a subida média de 1 por cento ao ano na reciclagem na capital, que se verificava desde 2014.

No entanto, em 2020, a pandemia e a consequente paragem das atividades económicas nos períodos de confinamento fez diminuir a produção de resíduos (285.936 toneladas), bem como a taxa de reciclagem para 28,6 por cento.

Aprender a reciclar

Na plataforma da autarquia, “dias do lixo”, consegue então manter-se sempre atualizado sobre o mapa e calendário de recolha de resíduos, bem como os locais onde pode depositar o seu lixo separado. No entanto, há uma outra plataforma, da Quercus, que pode ajudar a quem está a começar — ou já recicla mas tem duvidas, muitas das quais comuns e pertinentes.

Chama-se WasteApp, uma aplicação que a organização ambientalista criou e que enuncia ao detalhe em que ecoponto deve colocar cada lixo, bem como o que pode e não ser reciclado — e ainda lhe mostra todos qual o ponto de recolha mais próximo.

O kit da CML.

Aqui se explica, por exemplo, que existem objetos de vidro que não podem ser colocados no ecoponto verde devido à percentagem de materiais diferentes usados na sua composição. Estes materiais não fundem à mesma temperatura do que as embalagens de vidro e por isso não podem, de facto, ser misturados.

A plataforma mostra-lhe depois os ecocentros mais perto de si onde pode colocar o vidro que não pode ir para o ecoponto verde, tal como os copos, as janelas ou espelhos. Pode também confirmar que algumas lâmpadas, cápsulas de café, até esponjas de banho e loiça têm idealmente destino próprio, que deve consultar na WasteApp.

Crescem os biorresíduos

Em 2019, Lisboa deu também início à recolha seletiva porta-a-porta de resíduos orgânicos (restos de comida) a nível residencial em 7543 habitações das freguesias do Lumiar e de Santa Clara e, mais recentemente, no núcleo histórico de Olivais-Velho (cerca de mil fogos) implementou um sistema de recolha coletiva destes resíduos em eco-ilha subterrânea. A recolha dos resíduos alimentares nos restaurantes, bares, cantinas e unidades de catering e retalho já é feita desde 2005, envolvendo atualmente cerca de três mil entidades.

O município tem vindo também a apostar na recolha seletiva de resíduos verdes resultantes dos arranjos de jardins e, desde 2018, dinamiza o projeto Lisboa a Compostar para promover a compostagem doméstica e comunitária na cidade. Até ao momento, foram atribuídos 2750 compostores domésticos e instalados 15 compostores comunitários. Em 2019, a participação dos munícipes permitiu a recolha de 30 270 toneladas de biorresíduos, que corresponde a 36 por cento do total nacional.

O executivo de Lisboa lembra, ao lançar esta iniciativa, que a obrigatoriedade da recolha seletiva de biorresíduos pela União Europeia a partir de 2023 é um “dos maiores desafios que se colocam atualmente às cidades e não dispensa a participação de todos os cidadãos” em todos os processos de reciclagem, sendo essencial para que a cidade alcance as metas estabelecidas para a transformação dos seus resíduos em composto agrícola orgânico.

Neste momento, a CML está também a alargar a rede de oleões da cidade com a instalação de um conjunto de 160 novos equipamentos “inteligentes” para recolha de óleos alimentares usados.

Todos os resíduos recolhidos no Município de Lisboa são encaminhados e tratados pela Valorsul. Os resíduos indiferenciados vão para a Central de Valorização Energética e os resíduos orgânicos para a Estação de Tratamento e Valorização Orgânica.

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