O aumento dos preços da travessia fluvial entre Setúbal e Tróia tem sido um assunto colocado em cima da mesa e que provoca descontentamento geral na população. Agora foi a vez do Município de Setúbal, em conjunto com as autarquias de Grândola e Alcácer do Sal, tomarem uma posição pública e assumirem o objetivo de incluir as viagens no Passe Navegante.
Numa conferência realizada esta terça-feira, 12 de setembro, no Forte de São Filipe — local que permite ter uma visão real quanto ao tema em questão, já que vemos Setúbal, o Sado e Tróia —, André Martins disse que o rio que em outros tempos unia as duas margens, está a ser tornado “numa barreira” que as divide. “A AML (Área Metropolitana de Lisboa) tem de ponderar e avaliar esta situação, em conjunto com o governo. Têm de estar atentos e assumir responsabilidades, no sentido de intervir para alterar” o cenário atual, reforçou o presidente.
Os “recursos, potencialidades e belezas naturais” são enaltecidas na Península de Tróia, assim como a importância do território “da área que vai de Setúbal até ao litoral alentejano, em que se destaca a relevância dos municípios de Alcácer do Sal e Grândola. Além disso, é “ponto de passagem e transição” entre a Península de Setúbal e o Alentejo. Como sabemos, a travessia pelo Sado encurtou as distâncias relativamente ao percurso rodoviário — situação que ajudou a nível de mão-de-obra, turístico e de abastecimento de vários produtos e matérias.
“Este é o quadro em que é muito urgente que se criem as necessárias condições de mobilidade para a Península, melhorando, particularmente, o acesso das populações da AML ao litoral alentejano”, uma vez que, em alguns casos, realizar a travessia pode ser mais caro do que fazer a viagem pela autoestrada com passagem em Alcácer do Sal, com destino à Comporta. Esta situação “afasta da travessia muitos utentes que preferem utilizar a sua viatura” ao invés do catamarã ou ferryboat — onde chegam mesmo a ser comparadas “viagens para destinos europeus em campanhas de aviação low cost”, que ficam mais baratas.
“Importa destacar, uma vez mais, que as relações das populações dos concelhos do litoral alentejano com Setúbal são historicamente muito relevantes”, assim como para o “desenvolvimento económico”. A viagem pelo Sado “viabiliza o acesso de um elevado número de pessoas que trabalham de um lado e de outro do rio. Não pode, por isso, com os preços praticados, continuar a constituir um obstáculo à deslocação destas pessoas”.
Assim, “se este é um problema que a AML, o litoral alentejano e os seus municípios não podem ignorar, também o governo não pode ficar de fora”. As três autarquias presentes na conferência reforçaram a posição “em defesa das populações”, com “afirmação e empenho para, em conjunto com a AML e o governo, encontrarem soluções e caminhos que façam do Sado, no que diz respeito à mobilidade de pessoas e bens, um elo acessível”.
Nesta posição, consideram os autarcas, deve a “AML equacionar a possibilidade de associar o Passe Navegante” e o governo, “que tutela as infraestruturas de transporte desta travessia, assumir responsabilidades e ponderar entregar esta travessia a uma empresa pública”, pertencendo a concessão à Atlantic Ferries.
Atualmente, para viajar no ferry, os utentes pagam 19,60€, valor para carro ligeiro de passageiros, mercadorias ou mistos até 3.500 quilos, com condutor incluído. Cada passageiro extra paga 5,60€. No caso do catamarã, o preço é de 8,80€ — aumento de 0,40€ face a 2022 — para fazer a travessia de Setúbal para Tróia — o regresso é gratuito —, sendo que os miúdos até aos cinco anos não pagam bilhete em ambos os casos.
A Atlantic Ferries é uma empresa do grupo Sonae Capital e iniciou a sua atividade em 2007, mais concretamente em outubro, como concessionária do Serviço Público de Transporte Fluvial de Passageiros, Veículos Ligeiros e Pesados e de Mercadorias, entre Setúbal e a Península de Tróia. É o maior operador em Portugal de transporte de veículos em vias navegáveis interiores por carreira fluvial, transportando anualmente mais de 230 mil veículos.