Na cidade

Cartazes bizarros, debates de café e programas vazios: o lado hilariante das autárquicas

Não são só os cartazes que têm feito rir os portugueses durante a campanha para as eleições que decorrem a 26 de setembro.

A pose é invulgar. A cor das meias também. Mas não se há algo de que este candidato não pode ser acusado é de realmente não cumprir o slogan. Alexandre Poço está mesmo a fazer tudo por Oeiras, das poses de Bond a saltos em paraquedas, vale tudo para tentar empurrar finalmente Isaltino Morais para fora do seu assento.

“Sabemos que estamos a adotar uma estratégia de comunicação ousada e irreverente, que rompa com o banal e cinzentismo associado ao marketing político”, revelou o candidato à NiT. 

No pólo oposto encontram-se os candidatos que acreditam que menos é mais e que, no limite, fazer e propor rigorosamente nada são soluções para conquistar mais votos. Foi isso que fez Carlos Curto, candidato do Chega à presidência da Câmara Municipal da Covilhã, que apresentou a sua equipa numa entrevista à Rádio Clube da Covilhã 14 de agosto: “O João, a Paula Curto, minha esposa, e a minha filha”.

Apesar da ambição — demonstrada num debate onde, confrontado com a possibilidade de tentar garantir um vereador, apontou “à presidência” —, o candidato do Chega apresentou-se quase sem equipa e, sobretudo, sem projetos. “Não temos nada pronto para avançar”, respondeu ao tema da captação de investimento para o município.

A resposta repetiu-se para área da cultura, para a saúde e para a educação. Mas o cenário tornou-se ainda mais bizarro quando ao palco sobre o candidato a São Brás de Alportel do mesmo partido, cujas intervenções estiveram em destaque durante o fim de semana.

Num debate entre candidatos, Bráulio Moreira não se deixou intimidar pelo contador de tempo e lançou uma teoria verdadeiramente mirabolante. “Havia um povo na Índia que era um povo pequenino azul com oito tentáculos. O povo com as pontas para cima é uma coroa, azul, como a cor da nossa coroa”, começou.

“Quanto Salazar perdeu Goa, Damão e Diu, disse que deveriam ter lutado até ao último homem (…) Goa, Damão e Diu em português não é nada, mas os ingleses leem Goa, God, quer dizer Deus; Damão, demon (demónio) e dieu, dos franceses”, frisa, antes de concluir um discurso que ninguém entendeu. “Podem não compreender estas coisas. Portugal descobriu o mundo e tinha lá um segredo. Hoje temos um indiano a governar o País. Acorda Portugal!”

Haveria de se lançar noutra mirabolante história, onde acabaria por implicitamente acusar António Costa de estar envolvido na morte de Jorge Sampaio — e a quem acabaria por chamar de “indiano vingativo”. O impacto das declarações foi tal que a Distrital do Chega chegou a ponderar o seu afastamento, posteriormente colocado de lado. Moreira será mesmo o candidato a são Brás de Alportel.

Os debates locais das juntas foram também alvo de chacota nacional, sobretudo os que acabaram por ser partilhados em horário nobre no “Isto é Gozar com Quem Trabalha”, o programa de Ricardo Araújo Pereira, transmitido no domingo, 19 de setembro, na SIC. Entre discussões sobre ruas alcatroadas usadas por um par de habitantes, candidatos que se tratam por tu e debatem temas mais pessoas do que propriamente de política local.

Menos espalhafatosos mas igualmente caricatos são os tesourinhos que, por esta altura, despontam nos cartazes por todo o País — e invariavelmente acabam no grupo “Tesourinhos das Autárquicas” no Facebook, um repositório gerido por anónimos. 

A dois dias das eleições, a NiT reuniu os mais e menos recentes cartazes que, por um ou outro motivo, fizeram rir as redes sociais.

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