Custou, mas foi. O cemitério militar português de Richebourg, integrado na candidatura franco-belga lançada em 2017, já é Património Mundial da UNESCO. A organização classificou nesta quarta-feira, 20 de setembro, 139 lugares de memória da Primeira Guerra Mundial em França e na Bélgica e o local onde estão sepultados milhares de soldados portugueses foi um deles.
É em Pas-de-Calais, no norte de França, que se encontra o local de culto onde ainda hoje é possível celebrar a memória daqueles que deram a vida na Primeira Guerra Mundial. Entre 1924 e 1938, foram sepultados 1.831 soldados portugueses no cemitério de Richebourg, exclusivamente português. Atualmente, há 238 sepulturas que nunca chegaram a ser identificadas.
“Somos o território da Primeira Guerra Mundial e por isso há amizade, cooperação internacional, valorização da memória e muitos voluntários para fazer viver esta memória”, afirmou Bruno Cavaco, cônsul honorário de Portugal em Lille, aqui citado pelo “Jornal de Notícias”.
O cemitério é cuidado há vários anos pela Associação União Franco-Portuguesa de Richebourg, que lidera anualmente as comemorações da participação dos portugueses neste conflito. Em 2018 foram feitas obras de requalificação, no âmbito das celebrações do centenário da Batalha de La Lys, a maior derrota militar portuguesa na Primeira Guerra Mundial, onde terão morrido cerca de 500 soldados.
A construção de toda a estrutura deveu-se sobretudo a dois homens: M. Lantoine, o cônsul português em Arras; e Alberto Lella Portela, oficial que integrou a missão de aviação portuguesa na guerra. Foram eles que uniram esforços para reagrupar, numa mesma estrutura física, os corpos dos homens que morreram no conflito.
Em 1928, França e Portugal inauguraram também um memorial, localizado ao fundo do cemitério, que ocupa uma área de 1.020 metros quadrados. Mais tarde, foi ainda construída a Capela de Nossa Senhora de Fátima.
