O número de residentes em Portugal caiu 2 por cento nos últimos dez anos, o que significa que de 2011 para 2021 o País assistiu a uma redução de 214.286 pessoas no território português. Esta foi a primeira conclusão dos resultados preliminares dos Censos 2021, divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) esta quarta-feira, 28 de julho. Os dados indicam ainda que continua expressivo “o padrão de litoralização e concentração da população junto da capital”.
Portugal já não assistia a um decréscimo populacional tão acentuado entre a década de 1960 e 1970. A justificação para este resultado parte do facto de que o saldo natural, isto é, a diferença entre o número de nados vivos e o número de óbitos, ter-se verificado negativo (menos 250.066 pessoas) até agora, nos dados provisórios. Uma tendência que o saldo migratório positivo não foi capaz de inverter, resultando assim numa quebra populacional no decorrer da década.
De todas as regiões, a população residente do Alentejo é “aquela que regista o decréscimo mais expressivo”, caindo 6,9 por cento, seguindo-se da Região Autónoma da Madeira, com 6,2 por cento. Já em sentido inverso, o Algarve e a Área Metropolitana de Lisboa são as regiões que registam um maior crescimento da população com um aumento de 3,7 por cento e 1,7 por cento, respetivamente.
Relativamente à análise por municípios, o INE recordou que “nos últimos 10 anos, dos 308 municípios portugueses, 257 registaram decréscimos populacionais e apenas 51 registaram um aumento. Na década anterior tinham assistido a quebras populacionais 198 municípios.”
Segundo ainda os mesmos dados referentes aos resultados preliminares dos Censos 2021, verifica-se a acentuação do processo de bipolarização do País, uma vez que “cerca de 50 por cento da população residente em Portugal concentrava-se em apenas 31 municípios, localizados maioritariamente nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto.”
Em comunicado, o presidente do INE, Francisco Lima, recordou que os dados divulgados nesta quarta-feira são baseados nas primeiras contagens e que somente em fevereiro do próximo ano é que serão finalmente disponibilizados os resultados definitivos, obtidos da fase de recolha dos Censos 2021, que decorreu entre 5 de abril e 31 de maio e que, segundo referiu o INE, teve um “elevadíssimo nível de adesão por parte dos cidadãos”.