Na cidade

Cientistas partem de Lisboa para uma expedição à maior montanha subaquática da Europa

A equipa arranca este sábado, 7 de setembro, para uma jornada de três semanas no monte Gorringe, um oásis de vida marinha.
Vai durar 21 dias.

Com uma altura impressionante de 5.000 metros, 220 quilómetros de comprimento e 80 de largura, o monte Gorringe destaca-se como a montanha submersa mais elevada da Europa Ocidental. Localizada a 230 quilómetros a sudoeste do Cabo de São Vicente, representa um verdadeiro refúgio de biodiversidade marinha.

Por ser o único monte submarino em águas portuguesas e possuir uma cota base a menos de 30 metros da superfície, é acessível a mergulhadores e abriga uma comunidade biológica com características ímpares. Neste local, podem ser encontradas cerca de 850 espécies, incluindo florestas de algas, jardins de corais e campos de esponja, além de uma ampla variedade de peixes, tubarões, baleias, golfinhos e tartarugas. Para preservar este espaço de biodiversidade única, 26 cientistas partem este sábado, 7 de setembro, do Cais Adamastor, no Parque das Nações, para uma viagem exploratória de 21 dias ao Gorringe.

Este projeto, denominado Expedição Oceano Azul Gorringe, é coordenado por Portugal e visa reunir informações científicas que servirão para a implementação de medidas de proteção desta área considerada um hotspot de biodiversidade. A missão será realizada na Zona Económica Exclusiva (ZEE) de Portugal continental e pretende cobrir a totalidade do monte submarino.

Os investigadores portugueses e estrangeiros, a bordo do histórico navio Santa Maria Manuela e de dois veleiros, têm como propósito aprofundar o conhecimento sobre o património natural do nosso País. “Esta iniciativa surge no contexto da necessidade de conhecer e proteger o património natural do nosso País, respondendo às políticas nacionais, europeias e internacionais de proteção e gestão sustentável do oceano”, explicam.

A viagem, que termina a 28 de setembro, conta com o apoio da Fundação Oceano Azul e colaboração de parceiros governamentais e instituições, como o Oceanário de Lisboa, o ICNF e a Marinha Portuguesa.

O Banco de Gorringe, apesar do seu relevante interesse biológico e geológico, continua a ser uma área pouco explorada. A expedição de três semanas, liderada pelo responsável científico Emanuel Gonçalves e pelo biólogo Henrique Cabral, permitirá não apenas consolidar, mas também ampliar o conhecimento científico sobre este oásis atlântico, fornecendo dados cruciais para a gestão desta área importante da Rede Natura 2000 e para a sua classificação como Área Marinha Protegida. Para tal, os cientistas realizarão observações tanto na superfície como nas profundezas, além de recolher amostras de água, fauna e flora.

Realizando mergulhos complementados com a utilização de várias tecnologias, como drones, câmaras de vídeo com isco para atrair megafauna e um veículo operado remotamente, será possível explorar zonas que até agora foram escassamente estudadas, colmatando assim as lacunas de conhecimento existentes. No final da expedição, será elaborado um relatório científico, que ajudará a diagnosticar o estado de saúde e o valor ecológico do monte Gorringe.

Este local é considerado um “íman de vida marinha no Atlântico”, onde se concentram grandes cardumes peixes e tubarões, sendo também parte da rota migratória de mamíferos marinhos. Estudos anteriores já demonstraram a singularidade e elevado valor ecológico da região, assim como a sua vulnerabilidade.

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