Na cidade

Com bastões ou martelos. Já pode partir carros velhos em Braga (e aliviar o stress)

A NiT foi conhecer a experiência com mais adrenalina do norte do País: a Go Smash. A missão é destruir veículos para abate.
É a nova experiência de Braga.

“Não é terapia, mas é uma experiência terapêutica.” É assim que Isabel Silva, fundadora da Go Girl, apresenta a nova “experiência libertadora” que criou em Braga: a Go Smash. Desde 4 de janeiro, já é possível destruir carros velhos utilizando martelos, bastões, marretas e pés de cabra.

A responsável pelo conceito afirma que “é uma forma divertida de libertar energia, raiva e tensão acumuladas”. A ideia de descarregar emoções reprimidas a partir carros surgiu como uma brincadeira. No início, era apenas uma das atividades dos passeios que organiza exclusivamente para mulheres. “Estava à procura de algo diferente. Como sou fã de boxe e dança, lembrei-me que poderíamos partir carros”, revela a fundadora, de 46 anos, à NiT.

Durante a pesquisa, Isabel descobriu que o conceito já existia nos Estados Unidos e decidiu implementá-lo no norte do País. O passo seguinte foi contactar diversos centros de abate na região, preferencialmente perto de Matosinhos, onde reside.

Apenas um aceitou a proposta: o Recife ‒ Centro de Abate e Peças Auto Usadas, em Braga. O sucateiro, perto do Sameiro, tem um parque automóvel com cerca de 1.500 viaturas prontas a serem desmanteladas. Agora, antes de serem enviadas para o abate, podem ser destruídas por quem procura aliviar o stress.

O centro de abate acolheu a ideia de Isabel com entusiasmo e recebeu o primeiro grupo de mulheres em julho do ano passado. “Num dos passeios que organizei, incluí a atividade de partir carros, mas não sabiam que iam participar nessa experiência, foi uma surpresa. O dia correu super bem e, depois, começaram a chover pedidos para repetir”, confessa.

Após o sucesso da estreia, a atividade foi realizada novamente em setembro, novamente para um grupo restrito. A certa altura, até os maridos das participantes manifestaram interesse em destruir alguns carros. Entretanto, Isabel decidiu tornar a experiência permanente e acessível a todos, em parceria com o Recife. O centro disponibiliza os veículos em fim de vida, e os participantes têm apenas uma missão: destruí-los.

“Todos andamos tão stressados e frustrados, e esta atividade permite, de forma controlada, aliviar o peso do dia a dia e os sentimentos reprimidos”, enfatiza. No fundo, partir carros é uma forma de “libertar emoções”.

@go.smash

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♬ Bad Reputation – Joan Jett

A experiência da NiT

Um grupo de repórteres da NiT não resistiu à curiosidade e decidiu comprovar. A chegada à sucata, fomos guiados por Isabel até ao local exato. No caminho, passamos por centenas de carros em fim de vida, à espera de serem desmantelados.

Numa área mais isolada do parque automóvel, encontrámos dois veículos vermelhos prontos para serem completamente destruídos. Contudo, antes da diversão começar, há uma série de procedimentos a seguir.

Primeiro, todos devem assinar um termo de responsabilidade e consentimento, que resguarda a empresa em caso de incumprimento das regras por parte dos participantes. A Go Smash também possui seguro de responsabilidade civil, que confere proteção em caso de acidentes. Em seguida, é preciso vestir o equipamento: um macacão branco com fecho, luvas e uma viseira para proteger os olhos de possíveis estilhaços de vidro. Durante a preparação, Isabel explica o funcionamento do conceito.

Geralmente, são permitidas cinco pessoas por carro, dependendo da dimensão do grupo, e, por questões de segurança, apenas duas podem destruir o veículo em simultâneo. Cada participante tem direito a partir um vidro, para que todos tenham a oportunidade de o fazer.

Uma vez equipados, podemos escolher a ferramenta que vamos utilizar para a destruição: há martelos, bastões, pés de cabra e marretas — sendo estas últimas as mais pesadas.  Os bastões são os mais utilizados, mas atenção: se alguém estiver com muita raiva acumulada, é possível que se partam durante a atividade, como aconteceu com um dos membros do nosso grupo.

A dois, começamos a partir os vidros — o pára-brisas requer um esforço extra —, destruindo o porta-bagagens, os espelhos e as portas, até ficarmos sem força. Durante o processo também recebemos um megafone para incentivarmos os nossos amigos a partir tudo com mais energia. Um truque eficaz é recordar momentos ou situações passadas que nos deixaram irritados, como quando o nosso clube perdeu para o rival, por exemplo.

Contudo, esta forma de transformar a tensão acumulada em pura diversão, não é tão simples como aparenta nos vídeos. Após algum tempo, os braços começam a tremer de tanto esforço. Bater repetidamente no capô, nas portas e em todas as partes mais duras de um carro torna-se cansativo — quase tanto como um treino de força no ginásio.

Cada grupo pode destruir os veículos durante 1h30, embora muitos terminem mais cedo devido ao cansaço. No fim, o que realmente importa é alcançar o objetivo: libertar o stress num ambiente seguro e repleto de adrenalina.

A experiência está disponível de segunda a sexta-feira, entre o meio-dia às 18 horas, e aos sábados de manhã. O custo da atividade é de 290€ por grupo, o que significa que, se forem 10 pessoas, cada um paga 29€. Para grupos privados, a idade mínima de participação é de 16 anos, desde que acompanhados por um dos pais. A informação detalhada sobre o funcionamento do Go Smash pode ser consultadas online.

Carregue na galeria para ver mais imagens da experiência.

FICHA TÉCNICA

  • MORADA
    R. do Regueiro lote 5 Zona Industrial
    4715-553  Braga

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