Na cidade

Descobertas novas estruturas do Teatro Romano de Lisboa a 30 centímetros de profundidade

Durante as escavações realizadas em dezembro de 2024, foram desvendadas construções em excelentes condições de conservação.
Descobriu-se novas estruturas escondidas.

A equipa do Museu de Lisboa fez uma nova descoberta no Teatro Romano durante as escavações realizadas entre 2 e 12 de dezembro de 2024. Nesta fase dos trabalhos arqueológicos, foi encontrada a continuidade do muro que separa o palco da área destinada aos espectadores, conservado em excelentes condições. A descoberta ocorreu a apenas 30 centímetros de profundidade, numa pequena área do rés do chão de um edifício situado na Rua de São Mamede, — uma proximidade inesperada deste património histórico.

Datado do século I d.C., o Teatro Romano de Lisboa integra a história da antiga cidade de Felicitas Iulia Olisipo, durante o reinado do Imperador Augusto. A construção do teatro levou mais de uma década e passou por uma remodelação significativa a meio do século I, explica a arqueóloga e coordenadora do Museu de Lisboa, Lídia Fernandes.

No entanto, as suas estruturas nem sempre estiveram visíveis; após o terramoto de 1755, o teatro foi descoberto durante o processo de reconstrução da cidade, mas posteriormente foi novamente enterrado e oculto por edifícios residenciais.

Na década de 1960, deu-se início a escavações arqueológicas que implicaram a aquisição de sete edifícios, atualmente sob a gestão da Câmara Municipal de Lisboa, com o intuito de investigar os vestígios do Teatro Romano.  Um desses edifícios foi recuperado e transformado no Museu do Teatro Romano, inaugurado em 2011. Desde então, as escavações feitas ao longo dos anos têm revelado novas estruturas.

Durante os trabalhos arqueológicos mais recentes, a equipa liderada por Lídia Fernandes identificou a base do muro que divide o palco da plateia, a uma profundidade de apenas 30 centímetros. “Parece que foi acabada de fazer. A argamassa não tem uma beliscadura”, descreve a arqueóloga e coordenadora do Museu de Lisboa. 

As estruturas encontram-se a 30 centímetros de profundidade.

 Além disso, foi encontrado um pavimento bem preservado sob o palco de madeira, um dos pilares de apoio do palco e uma concavidade destinada a colocar os bastões que faziam descer o pano de cena. A pesquisa também revelou vestígios de uma pequena estrutura hidráulica, que remonta aos primeiros anos de funcionamento do Teatro Romano. Estas escavações permitiram confirmaram a data de existência do teatro, salienta o Museu de Lisboa.

“O Teatro Romano de Lisboa é o único teatro de época romana musealizado no País. Com um projeto bem pensado e atrativo, poderia ser um polo de atração de público, nacional e estrangeiro, ajudando a desviar a pressão de outras zonas da cidade, e tirando proveito da sua localização, num dos eixos de acesso ao Castelo de São Jorge”, defende Lídia Fernandes.

O local onde as novas estruturas foram descobertas funciona como espaço de armazenamento das reservas do museu e de alguns serviços de apoio. Durante algum tempo, também acolheu o serviço de azulejaria do Museu de Lisboa. Para estas escavações, foi necessário desocupar a sala onde aconteceram os trabalhos e “durante seis meses o prédio foi monitorizado para garantir que a escavação não colocaria em causa a sua estabilidade”.

O espaço será aberto ao público durante a próxima edição do Open House Arqueologia, marcada para 14 e 15 de setembro.




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