A história sobre a presença de dinossauros na Península Ibérica ganhou mais um capítulo com a descoberta de uma nova espécie no Cabo Espichel, que integra o concelho de Sesimbra. É outra prova de que a região possuía uma grande diversidade destes animais. Quem o diz são Octávio Mateus e Dario Estraviz-López, paleontólogos da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da Universidade Nova de Lisboa, num estudo publicado esta quarta-feira, 16 de fevereiro, na revista científica “PLOS ONE”.
O fóssil, com 130 milhões de anos, pertence à família dos espinossaurídeos e chama-se Iberospinus natarioi, que significa “espinho ibérico”. A descoberta dos restos do animal, atribuída ao paleontólogo amador Carlos Natário — homenageado no nome escolhido para a espécie —, remonta a 1999. “Foram escavados entre 2004 e 2008, com uma escavação adicional em 2020 que, surpreendentemente, conseguiu novos ossos”, referem os académicos. As descobertas e uma reexaminação permitiram chegar às conclusões agora divulgadas.
De acordo com os cientistas, o Iberospinus natarioi é o terceiro espinossaurídeo nomeado na Península Ibérica. Caracteriza-se por uma configuração da mandíbula considerada única, “com canais internos diferentes e uma ponta da mandíbula reta” em vez de apontar para cima, como acontece em dinossauros semelhantes. Apesar do grupo em que se inclui, o novo dinossauro não possuía as adaptações extremas que outros membros poderiam ter para se movimentarem na água.
O estudo junta o animal aos “membros mais antigos do grupo”, como os descobertos na Grã-Bretanha, o que aumenta as possibilidades de os espinossaurídeos terem aparecido “pela primeira vez” na Europa Ocidental.