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Vaticano retira polémico selo da JMJ de circulação — “será destruído”

A edição comemorativa foi emitida na terça-feira, mas recebeu de imediato críticas ao "péssimo mau gosto".
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Foi lançado na terça-feira, 16 de maio, e rapidamente gerou polémica. O selo alusivo à Jornada Mundial da Juventude (JMJ), com a imagem do Papa Francisco no lugar do Infante D. Henrique e com jovens na vez dos navegadores, foi arrasado nas redes sociais. Os utilizadores associaram-na ao colonialismo, racismo e ao regime do Estado Novo. A controvérsia foi tanta que o postal não durou muito.

O selo comemorativo foi esta quarta-feira, 17 de maio, retirado de circulação. A edição recentemente emitida deverá ser destruída, segundo avançou o jornal “7Margens”. O mesmo meio adiantou ter solicitado a compra desse artigo no Vaticano, mas que viu a venda negada. “No posto de correios oficial da Praça de São Pedro, o empregado que atendeu disse ser impossível fazer a venda, por ordens superiores, pois o mesmo iria ser retirado”, lê-se.

O jornal revelou ainda ter contactado os responsáveis do Serviço de Correios e Filatelia do Vaticano, para procurar “saber se o autor do desenho, Stefano Morri, e os responsáveis do Serviço Filatélico do Vaticano estavam conscientes do significado ideológico do Padrão dos Descobrimentos e da estética usada na conceção do selo, em tudo idêntica à propalada pelo Estado Novo, como o próprio bispo e historiador Carlos Azevedo referiu”.

O bispo português Carlos Moreira Azevedo, delegado do Comité Pontifício para as Ciências Históricas, considerou esta criatividade de “péssimo mau gosto”. Para o próprio, que exerce as suas funções no Vaticano, o selo “recorre a uma obra muito conotada” e “evoca epicamente uma realidade pastoral que não corresponde a esse espírito”.

Apesar do leque de críticas, a organização da Jornada Mundial da Juventude esclareceu, na terça-feira, que o selo apresentado visava apenas “promover” o encontro de jovens com o Papa. Afastava, assim, leituras que o identificassem com o Estado Novo ou o colonialismo português.

“O selo foi feito por um ilustrador italiano, Stefano Morri, que tem trabalhado muitas vezes com os serviços de numismática do Vaticano” e cuja leitura para a ilustração do selo é “uma imagem do Papa num monumento de Lisboa, simbolizando, numa espécie de alegoria, a barca de S. Pedro e o Papa conduzindo os jovens e a Igreja para uma nova época”, explicou a porta-voz da Fundação, Rosa Pedroso Lima.

O produto em causa tinha um valor facial de 3,10€ e uma tiragem de 45 mil unidades.

A JMJ está marcada para os dias 1 a 6 de agosto — mas tem estado envolvido em várias polémicas. Aproveite para ler o artigo da NiT e descobrir quanto é que o governo vai gastar ao certo para receber a iniciativa.

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