O fenómeno tem sido recorrente no arquipélago dos Açores. Após a ilha Terceira ter sido abalada por quatro sismos num intervalo de apenas sete minutos, a 6 de setembro, o mesmo voltou a acontecer na madrugada desta segunda-feira, 30 de setembro.
A atividade sísmica começou a fazer-se sentir ainda antes da meia-noite, com o primeiro sismo a ocorrer às 23h32 (hora local), com magnitude 2,6 na escala de Richter, no Faial. Seguiu-se depois um segundo abalo, de magnitude 2,4, registado às 1h26 e com epicentro a cerca de quatro quilómetros a este de Serreta, na Terceira.
Às 3h27, registou-se um terceiro sismo, de magnitude 3,7, com epicentro a cerca de três quilómetros a sul de Raminho, no concelho de Angra do Heroísmo. O abalo mais recente teve uma magnitude 2,3 na escala de Richter e foi sentido na ilha Terceira, às 3h56.
Os três abalos, que ocorreram em quatro horas, foram sentidos na ilha Terceira e inserem-se na crise sismovulcânica em curso na região desde junho de 2022, segundo o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA), que está a monitorizar a evolução da situação. No passado dia 27 de junho, a entidade aumentou o nível de alerta para o vulcão de Santa Bárbara para V3, enquanto o sistema vulcânico fissural da ilha foi elevado para V1.
No contexto dos níveis de alerta, V0 representa um “estado de repouso”, enquanto V6 se refere a uma “erupção em curso”. O nível V3 indica a reativação do sistema vulcânico, com sinais de atividade elevada. Este aumento no nível de alerta causou preocupação na população, mas o governo açoriano fez um apelo à calma, assegurando que as autoridades estão prontas para intervir caso a situação se agrave.
“Importa neste momento encontrar tranquilidade e a normalidade possível num contexto de crise sismovulcânica, tendo a certeza de que estamos mais preparados do que no passado. Nunca o vulcão de Santa Bárbara esteve tão vigiado”, afirmou, na altura, o secretário do Ambiente e Ação Climático, Alonso Miguel, citado pelo “Observador”.
O nível de alerta subiu devido à confirmação da existência de deformação crustal e de “indicadores geofísicos e geodinâmicos bastante acima do normal”. Esta nova circunstância, contudo, “não altera em nada os procedimentos em curso, nem induz neste momento procedimentos especiais”.
Apelando à calma, Alonso Miguel reiterou que “fenómenos deste tipo podem prolongar-se por meses ou anos”, citando o caso de São Jorge, que esteve em alerta V3 durante um ano e meio. “É escusado criar pânico social”, concluiu, destacando a necessidade de vigilância e articulação entre todas as entidades envolvidas.
O CIVISA, através da sua rede de monitorização, revelou que a crise sismovulcânica na ilha Terceira, que teve início a 24 de junho de 2022, “se mantém, evidenciando sinais de claro incremento”. A atividade sísmica centra-se principalmente na área do vulcão de Santa Bárbara e tem sido caracterizada, essencialmente, pela ocorrência de microssismos.