De norte a sul, passando pelas ilhas, várias cidades portuguesas vão receber concentrações este domingo, 15 de junho, para condenar o ataque neonazi ao ator Adérito Lopes à porta do Cinearte, em Lisboa. O artista foi hospitalizado e teve mesmo de levar pontos na cara após ter sido agredido por um suspeito de 20 anos esta terça-feira, 10.
Na capital, a concentração “Não queremos viver num país do medo” está marcada para as 16 horas, em frente ao teatro onde ocorreu o ataque, no número 2 do Largo de Santos.
“Não é um caso isolado. Sabemos que esta onda de ataques a migrantes, pessoas racializadas, trabalhadoras, pobres e trabalhadores da cultura não vai ficar por aqui. Está a crescer alimentada pela impunidade judicial, pelo silêncio e pela desigualdade económica”, escreveu o grupo artístico A Rafeira no Instagram.
Já no Porto, a concentração vai decorrer na Praça da Batalha, pelas 18 horas. Em Coimbra, será na Praça 8 de Maio, pelas 17 horas. E no Funchal, os manifestantes vão concentrar-se em frente do Teatro Municipal Baltazar Dias, uma hora antes.
Cronologia de um crime de ódio
A agressão a Adérito Lopes aconteceu pelas 20 horas de terça-feira, quando este e os outros atores da companhia de teatro A Barraca começaram a chegar ao Cinearte. Uma hora depois, iriam encenar a última sessão do espetáculo “Amor é Um Fogo Que Arde Sem Se Ver”, que integrava as Festas de Lisboa.
Adérito Lopes, de 45 anos, foi levado ao Hospital de Santa Maria pelos bombeiros, na sequência das agressões. Os cortes no rosto terão sido provocados por uma soqueira ou anéis utilizados pelo suspeito, que já foi identificado pela Polícia de Segurança Pública.
“Na minha chegada ao teatro, fui absolutamente surpreendido por um cruel e brutal ato de violência, totalmente gratuito, sem que da minha parte tivesse havido qualquer ação em relação à pessoa do agressor ou em relação a qualquer outra pessoa ali presente”, escreveu o ator num comunicado.
O artista acrescentou: “Agradeço, comovido, todas as manifestações de afeto, indignação e respeito que tenho recebido de colegas, alunos, encarregados de educação, professores, artistas, políticos, amigos, cidadãos anónimos, órgãos de Estado e personalidades públicas.”
Segundo o jornal “Expresso”, o jovem suspeito faz parte da organização neonazi “Blood & Honour”. No entanto, uma fonte disse à SIC Notícias que teria ligações ao grupo “Portugueses Primeiros.” O Ministério Público abriu um inquérito para investigar as agressões.
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