Na cidade

Familiares de Eça de Queiroz estão contra a transladação para o Panteão Nacional

A cerimónia pode não acontecer esta quarta-feira, 27 de setembro, como estava previsto. A decisão está nas mãos do Supremo Tribunal.
A cerimónia pode não acontecer.

A transladação dos restos mortais de Eça de Queiroz para o Panteão Nacional, que está a ser preparada há vários meses, pode não acontecer nesta quarta-feira, 27 de setembro, como estava previsto. Tudo porque alguns familiares ainda vivos do escritor querem manter os restos mortais em Baião, no distrito do Porto. Agora, a decisão está nas mãos do Supremo Tribunal Administrativo, que recebeu uma providência cautelar.

A Fundação Eça de Queiroz, a principal promotora da translação para o Panteão nacional, já tinha recebido o aval positivo da Assembleia da República, mas parte da família está contra a decisão. É o caso do bisneto do autor de “Os Maias”, que defende que esta mudança não será uma honra e admite que os únicos que ficariam orgulhosos do troféus seriam os políticos.

“Meu Deus, o Eça disse mal do Estado e dos políticos portugueses. Considerar que ir para o Panteão é uma honra é inverter as polaridades”, afirmou o familiar António Eça de Queiroz, citado pelo “Expresso”. 

Por outro lado, o trineto Afonso Reis Cabral, que dirige a Fundação, refere que não há “nada que indique uma vontade pessoal” nem “nenhum testamento” que confirme que o escritor quisesse ficar em Baião. “Eça esteve 90 anos em Lisboa e apenas por uma contingência passou muito dignamente para Santa Cruz do Douro, em Baião, onde está”, defendeu, 

Dos 22 familiares diretos do escritor português, 13 são a favor da ida para o Panteão, seis contra e três abstêm-se. A transladação dos restos mortais do autor para o monumento foi aprovada por unanimidade no Parlamento, em 2021. Agora, uma semana antes da data marcada para a cerimónia, surge uma providência cautelar para a impedir.

Para já, todos os atos relacionados com a transladação estão suspensos até decisão do Supremo Tribunal Administrativo.

O escritor morreu a 16 de agosto de 1900, na casa que tinha perto de Paris, mas foi sepultado em Lisboa, no cemitério do Alto de S. João. Eça de Queirós tinha viajado para a cidade francesa para ocupar o seu último posto consular. Em 1989, os restos mortais foram trasladados para um jazigo de família em Santa Cruz do Douro, perto da Casa de Tormes.

Se a transladação se confirmar, o romancista e diplomata irá juntar-se a outras figuras ilustres do País, como a cantora Amália Rodrigues, os escritores Sophia de Mello Breyner Andresen e Aquilino Ribeiro ou o futebolista Eusébio da Silva Ferreira, entre outros.

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