Dias antes de embarcar numa aventura até à Lapónia, não resisti a procurar fotografias dos sítios por onde íamos ficar. E, claro, encontrei imagens incríveis. Tão incríveis que até pareciam totalmente editadas no Photoshop. Desde as casas de madeira, com o teto envidraçado e uma vista surpreendente tanto de dia como de noite, aos quartos com vista panorâmica para as auroras boreais.
Tentei não criar demasiadas expetativas, até porque tudo aquilo podia não ser bem real. Mas era. Tudo aquilo existe e é tal e qual as fotografias no Instagram. Assim que desci do avião, uma placa bem grande mostrava a temperatura do ar: estavam 20 graus negativos e, sempre que olhava em redor, só se via neve.
Fiquei hospedada no Wilderness Hotel Moutka, na cidade de Sodankylä. Pelo simples facto de ficar no meio de uma floresta — onde parecia que andávamos às voltas — o hotel ganhou logo pontos. Até porque longe das luzes da cidade, seria mais provável realizar o sonho de ver uma aurora boreal.
Quando nos entregaram os cartões à entrada na recepção — que também é o restaurante — as mãos congelaram. Uma menina simpática, que já deve estar habituada às temperaturas do ártico, levou-me até aos quartos, que ficavam a apenas 50 metros do edifício principal. A funcionária, de saia e sabrinas, gesticulava muito e sorria, como se soubesse o que era o calor. Mas estava completamente congelada. Aquela caminhada até aos quartos parecia não acabar.
Depois de passar o cartão na porta, até a alma aquece. Isto porque o chão é aquecido e há pelo menos dois aquecedores perto da cama. Cada suite é uma pequena casa. E algumas até têm sauna. Os preços começam nos 99€ e vão até aos 199€ por noite, dependendo do teto panorâmico, da sauna ou da vista. Fiquei num que incluía tudo — a Aurora Cabin.
O quarto estava equipado com tudo aquilo que era preciso. Não havia televisão ou frigorífico. Apenas o essencial: a cama com vista para as estrelas, a cafeteira, o secador de cabelo e os fatos e as botas de neve. Na hora de deitar, apagar as luzes era um pequeno prazer: a lua refletia no vidro do teto e iluminava a suite.
Depois de deixar as malas no quarto, calcei mais um par de meias e ganhei coragem para voltar ao edifício principal para jantar. Foi pelo caminho que vi uma espécie de mancha esverdeada no céu, escondida atrás das árvores da floresta. Corri para ver melhor aquelas luzes para rapidamente perceber que era uma aurora boreal. Ali, mesmo em frente aos meus olhos. Foi simplesmente incrível, uma experiência do género só vendo é que se acredita e entende, mais um pouco, pelo menos.
As melhores épocas do ano para ver uma aurora boreal são de outubro a novembro e de fevereiro a março, das 21 às 2 horas. E não se esqueça que, durante os meses de novembro e dezembro, a Lapónia só tem cerca de 3 horas de luz solar. O sol nasce às 10h30 e, às 14h30, já se pode preparar para ver o pôr do sol.
Para viajar até Sodankylä, pode apanhar um voo para Rovaniemi, capital da Lapónia, Finlândia — encontra a 293€ ida e volta em janeiro. Depois, pode alugar um carro ou apanhar um autocarro, para fazer a viagem de menos de duas horas.
Mas será assim tudo assim tão perfeito na Lapónia? Bem, um dos tapetes do quarto era feito com a pele de um urso e na parede da receção estava uma cabeça de uma rena.
Carregue na galeria para conhecer melhor o Wilderness Hotel Moutka.