Na cidade

A Fred dos “Morangos com Açúcar” deixou o parkour e agora é guia turística

Rita Jardim lançou a sua própria empresa de tours chamada Honest Routes, onde mostra um Portugal mais rural e desconhecido.
Tem 36 anos.

Em 2008, a maioria dos portugueses nunca tinha ouvido falar de parkour na vida. Era, até então, uma modalidade desconhecida — mas tudo mudou graças aos “Morangos com Açúcar”. Na sexta temporada da série juvenil apareceu a personagem Fred, uma miúda rebelde e maria-rapaz que andava a saltar de muro em muro, sem nenhum equipamento além do próprio corpo.

Quem deu vida à personagem que marcou gerações — e, possivelmente, incentivou tantos outros miúdos a praticar parkour — foi Rita Jardim. Tinha 22 anos e era a sua estreia na televisão, mas o amor pela representação veio muito antes disso. 

Desde miúda que sonhava ser atriz, mas no momento de escolher a área que ia seguir na faculdade, optou por uma “carreira mais convencional e segura”: o direito. Aos 18 anos, começou a estudar na Universidade de Lisboa, mas nunca deixou totalmente a representação. Juntou-se ao Cénico de Direito, o primeiro grupo de teatro universitário de Lisboa, que a impulsionou a avançar com a decisão que tinha receio de tomar: ser atriz.

“Comecei a fazer teatro com o Pedro Wilson e isso levou-me a desistir do curso [de Direito] no último ano. Fiz provas para o conservatório e comecei a fazer mais peças de teatro, até que surgiu a oportunidade de entrar nos ‘Morangos com Açúcar’”, começa por contar à NiT Rita Jardim, de 36 anos e natural do Seixal.

Após várias peças de teatro, a atriz foi escolhida para interpretar a personagem Fred, a sua grande estreia na televisão. “Fiz os castings todos e depois tínhamos um workshop, que durava cerca de um mês e tínhamos de fazer provas. As pessoas iam sendo eliminadas como se fosse um reality show e os professores diziam quem tinha ficado com as personagens. Fiquei muito entusiasmada por fazer parte de um projeto que toda a gente conhecia”, recorda.

Em termos de visual, pouco ou nada mudou. A maior diferença foi mesmo o estilo, até porque a Fred era “muito desportiva e maria-rapaz”, ao contrário de Rita, que interpretou uma das personagens mais desafiantes dessa temporada: a miúda rebelde que praticava parkour com os amigos. “Tínhamos aulas de parkour para gravar as cenas, mas também tínhamos duplos que faziam as partes mais difíceis. Foi muito intenso e interessante”, confessa.

A Fred.

As gravações demoraram cerca de um ano e, depois disso, continuou a fazer teatro e ainda chegou a ter papéis menores em novelas como “Lua Vermelha” e “Poderosas”. No meio dos seus trabalhos na representação, recebeu uma proposta, há cerca de oito anos, que, na altura, lhe pareceu interessante: foi convidada para fazer tours como atriz. 

“Era uma empresa que apareceu e que queria fazer excursões com atores, e eu fui uma das primeiras. Comecei a estudar história por causa disso, mas gostei tanto e resolvi fazer mais tours de história”, conta Rita. Como a “vida de atriz não era fácil”, começou a fazer as duas atividades e percebeu que, afinal, não era preciso “estar em cima de um palco para contar histórias”.

“Acredito que a minha vocação é ser contadora de história e faço isso como guia. Afastei-me gradualmente do teatro e agora sou guia full-time”, diz. Há mais de oito anos que estuda diariamente e pretende mostrar às pessoas que “a história não tem de ser chata”. 

Desde então que tem feito tours para várias empresas e, apesar de adorar esses trabalhos, acredita haver espaço para criar os seus produtos. Este desejo motivou-a lançar, com o marido Gonçalo, o seu próprio negócio — a Honest Routes.

A ideia é mostrar um Portugal mais desconhecido e mais rural. Organizamos experiências que levam as pessoas a comer em casas das famílias da região ou a fazer workshops de pão e queijo”, explica a guia turística. Criou a empresa há pouco menos de dois anos e acaba por ser um complemento ao que já fazia antes: “É o nosso projeto especial com grupos mais pequenos e tours muito personalizadas, fora do circuito habitual do turismo”.

Entre as opções, é possível escolher uma tour de um dia em Évora (desde 195€ por pessoa), a cidade mais real de Portugal, onde irá mergulhar nas histórias de reis e rainhas, explorar as ruínas romanas ou meditar sobre a passagem do tempo na Capela dos Ossos. Lisboa, como não podia deixar de ser, também faz parte de algumas das propostas. Há, por exemplo, um passeio noturno na capital (a partir de 160€) que o irá levar aos pitorescos bairros de Alfama e Mouraria para assistir a espetáculos de fado ao vivo.

Uma das mais concorridas é a tour de oito dias pela Estrada Nacional 2, que permite conhecer Portugal de norte a sul numa semana. “É mesmo para quem não tem tempo para planear ou sabe pouco sobre o País. Vamos de Chaves a Faro e todos os dias inclui uma atividade diferente, desde passeios de bicicleta, caiaque ou workshops. É uma experiência mais imersiva, especial e intensa”, destaca. Este passeio de oito dias tem o custo de 350€ (com as estadias incluídas) e as inscrições podem ser feitas online.

A seguir, carregue na galeria para ver os dias de Rita Jardim como guia turística.

 

ver galeria

ÚLTIMOS ARTIGOS DA NiT

AGENDA NiT