A paralisação dos maquinistas da CP —Comboios de Portugal vai continuar até 17 de março, sexta-feira e as perturbações à circulação vão manter-se. A greve que havia sido convocada apenas para 10 de março, sexta-feira passada, porém, o impacto continuará a sentir-se na vida de muitos dos passageiros que precisam de apanhar o comboio diariamente.
“Nos dias 9 e de 11 a 17 de março, prevemos a realização da maioria dos serviços regulares. No entanto, alguns comboios poderão ser suprimidos”, lê-se no site da empresa de transporte ferroviário.
A lista divulgada pela transportadora inclui os serviços Alfa Pendular, Intercidades, Regional, InterRegional, e Urbanos de Lisboa, Porto e Coimbra. Ainda assim, os responsáveis alertam para a possibilidade de transtornos noutros trajetos além destes. Aos clientes que já tenham bilhetes adquiridos para viajar nestes comboios destes serviços, a CP permitirá o reembolso, no valor total do bilhete adquirido, ou a sua troca gratuita para outro transporte da mesma categoria e na mesma classe.
“As trocas podem ser efetuadas em myCP na área ‘Os seus bilhetes’ (para títulos de viagem adquiridos na Bilheteira Online e App CP) até aos 15 minutos que antecedem a partida do comboio da estação de origem bem como nas bilheteiras e os reembolsos podem ser pedidos em CP.pt, através do preenchimento do formulário de contacto online ´Reembolso por Atraso ou Supressão`, com o envio da digitalização do original do bilhete, até dez dias após terminada a greve”, explicam, lamentando os incómodos causados.
A paralisação é novamente motivada pelo “impasse” nas negociações salariais com a administração da CP. No final de janeiro, o Sindicato dos Maquinistas (SMAQ) referiu que o melhor que a empresa propunha era “um aumento global de quatro por cento ou um aumento de 51€ comum a todos os índices, o que representaria, neste caso, um aumento médio na carreira de 3,89 por cento”.
Valores que o sindicato considerou “claramente inaceitáveis face à inflação média registada em 2022, que foi de 7,8 por cento”. Segundo a mesma fonte, a CP e as tutelas ministeriais estão a propor na prática uma redução salarial, e tal não pode ser aceite pelo SMAQ, que defende também melhores condições de trabalho.
Entre a meia-noite e as 20 horas de domingo, 12 de março, foram suprimidos 102 comboios. Os trabalhadores decretaram “greve à prestação de todo e qualquer trabalho” das categorias representadas pelo SMAQ, desde as últimas horas do dia 9 e até às primeiras horas de dia 11.
Já entre a meia-noite de dia 11 e as 23h59 de dia 17, foi convocada “greve à prestação de trabalho a todos os períodos normais de trabalho diários que tenham a duração prevista superior a sete horas e 30 minutos, para as categorias maquinista ou maquinista técnico”.
O tribunal arbitral decretou serviços mínimos de cerca de 30 por cento a nível nacional, bem como no que seja necessário à segurança e manutenção do equipamento e instalações e de serviços de emergência e comboios de socorro.
Esta ação de paralisação junta-se às várias que têm vindo a ser tomadas de forma contínua desde dezembro. Só no mês fevereiro registaram-se dois momentos de greve — de 8 a 16 e de 27 a 2 de março — que levaram à supressão de centenas de comboios por dia