Não foram apenas um, dois ou três. Esta sexta-feira, 6 de setembro, a ilha Terceira, nos Açores, foi abalada por quatro sismos, num intervalo de apenas sete minutos.
Os abalos ocorreram como consequência da crise sismovulcânica que se verifica na região, e foram reportados pelo Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA).
Os sismos foram registados no concelho de Angra do Heroísmo entre as 12h59 e as 13h06. O primeiro abalo, com uma magnitude de 2,0 na escala de Richter, teve o seu epicentro a cerca de quatro quilómetros a este de Serreta.
Às 13h00, registou-se o segundo sismo, de magnitude 2,3, localizado aproximadamente a três quilómetros do mesmo ponto. Um minuto depois, às 13h01, ocorreu o terceiro abalo, com magnitude de 1,7, também a três quilómetros de Serreta. Por fim, o último sismo, que surgiu às 13h06, apresentou uma magnitude de 2,3 e, tal como o primeiro, teve o epicentro a quatro quilómetros a este de Serreta.
O CIVISA informou que as intensidades máximas dos sismos variaram entre III e IV na escala de Mercalli Modificada, sendo sentidos em locais como Serreta, Doze Ribeiras, Santa Bárbara e Raminho, todos no concelho de Angra do Heroísmo. Antes destes quatro eventos, um outro sismo, com magnitude 2,1, já havia sido sentido às 11h44, com epicentro a cerca de dois quilómetros a lés-sudeste de Serreta.
Estes eventos sísmicos “inserem-se na crise sismovulcânica em curso na ilha Terceira desde junho de 2022”, conforme indicado pelo CIVISA, que está a monitorizar a evolução da situação. No passado dia 27 de junho, a entidade aumentou o nível de alerta para o vulcão de Santa Bárbara para V3, enquanto o sistema vulcânico fissural da ilha foi elevado para V1.
No contexto dos níveis de alerta, V0 representa um “estado de repouso”, enquanto V6 se refere a uma “erupção em curso”. O nível V3 indica a reativação do sistema vulcânico, com sinais de atividade elevada. Este aumento no nível de alerta causou preocupação na população, mas o governo açoriano fez um apelo à calma, assegurando que as autoridades estão prontas para intervir caso a situação se agrave.
“Importa neste momento encontrar tranquilidade e a normalidade possível num contexto de crise sismovulcânica, tendo a certeza de que estamos mais preparados do que no passado. Nunca o vulcão de Santa Bárbara esteve tão vigiado”, afirmou, na altura, o secretário do Ambiente e Ação Climático, Alonso Miguel, citado pelo “Observador”.
O nível de alerta subiu devido à confirmação da existência de deformação crustal e de “indicadores geofísicos e geodinâmicos bastante acima do normal”. Esta nova circunstância, contudo, “não altera em nada os procedimentos em curso, nem induz neste momento procedimentos especiais”.
Apelando à calma, Alonso Miguel reiterou que “fenómenos deste tipo podem prolongar-se por meses ou anos”, citando o caso de São Jorge, que esteve em alerta V3 durante um ano e meio. “É escusado criar pânico social”, concluiu, destacando a necessidade de vigilância e articulação entre todas as entidades envolvidas.
O CIVISA, através da sua rede de monitorização, revelou que a crise sismovulcânica na ilha Terceira, que teve início a 24 de junho de 2022, “se mantém, evidenciando sinais de claro incremento”. A atividade sísmica centra-se principalmente na área do vulcão de Santa Bárbara e tem sido caracterizada, essencialmente, pela ocorrência de microssismos.