Na cidade

Já há data para o regresso do maior presépio ao vivo da Europa

A tradição de Priscos, em Braga, dura há quase duas décadas. A edição deste ano é focado na inclusão de migrantes e minorias.
É o maior da Europa.

A comunidade de Priscos, em Braga, une-se para recriar diversos ofícios que existiam na época de Jesus desde 2006. De ferreiros, marceneiros ou sapateiros, passando pelos pastores aos padeiros,  800 participantes dão vida “a uma história sempre antiga e sempre nova”. 

O Presépio ao Vivo de Priscos, o maior do seu género na Europa, estará de volta à freguesia a partir de 15 de dezembro. Esta 18.ª edição da iniciativa, organizada pela Paróquia de São Tiago de Priscos, pertencente à Arquidiocese de Braga, apresenta uma reflexão sobre a “inclusão de migrantes e minorias”.

Com a intenção de “sensibilizar figurantes e visitantes para questões sociais contemporâneas, a organização pretende promover um espírito de solidariedade e acolhimento, refletindo o verdadeiro significado do Natal”, explicam. A iniciativa não se limita a recriar a história da família de Nazaré, mas também aborda assuntos relevantes na sociedade, como a violência no namoro e o tráfico de seres humanos, temas abordados na edição anterior.

O momento da inauguração contará, este ano, com a presença especial de uma família originária do Congo, que viveu de perto a experiência da migração e superou muitos obstáculos para construir uma nova vida em Portugal.

A inclusão desta família pretende “enriquecer a narrativa do presépio e humanizar a questão migratória, permitindo que os visitantes compreendam as histórias reais por trás dos números e das estatísticas”. Desde 2015, o presépio tem sido um forte aliado na luta pela inclusão social, apoiando vários reclusos do Estabelecimento Prisional de Braga.

“Temos, em média, quatro reclusos que vão saindo em liberdade condicional. Interagem com a comunidade, viajam em transportes públicos e realizam diversas tarefas. É um sítio onde podem sonhar, não devemos encarar estes casos apenas sob a ótica da punição”, contou à NiT o padre João Torres, mentor da iniciativa.

O tema desta edição vai ao encontro com aquilo que tem defendido ao longo dos anos. “Esta exclusão social não afeta apenas o bem-estar dos indivíduos migrantes, mas também a coesão das comunidades que os acolhem. A falta de uma integração eficaz pode resultar em isolamento social, agravando sentimentos de alienação e dificultando o processo de adaptação”, explica.

Ao convidar à reflexão sobre a “inclusão de migrantes e minorias”, o presépio ao vivo apela à consideração da verdadeira essência desta época festiva. A encenação tem atraído visitantes de todo o mundo, que viajam até Braga para explorar o recinto com cerca de 30 mil metros quadrados e mais de 90 cenários, com referências às culturas egípcia, judaica, romana, assíria, grega e babilónica.

Com centenas de figurantes e voluntários, muitos deles residentes na freguesia e arredores, são recriadas cenas da vida na época do nascimento de Jesus. No recinto será possível encontrar ferreiros a trabalhar o ferro, sapateiros a reparar sandálias danificadas, madeireiros a cortar lenha, tecedeiras a manusear fios de lã, oleiros a moldar barro e padeiras a amassar farinha.

O presépio pode ser visitado nos dias 15, 22, 25, 25 e 29 de dezembro e 1, 4, 5, 11 e 12 de janeiro. Como parte do esforço para manter a tradição viva, a entrada terá um valor simbólico em forma de donativo, destinado ao projeto de apoio a reclusos. Os horários poderão ser consultados no site da iniciativa.

Há mais de 17 anos que a Paróquia de São Tiago de Priscos, da Arquidiocese de Braga, organiza este presépio vivo, “uma espécie de teatro”, com o intuito de levar os visitantes a refletir sobre a sociedade — e em quem, por várias circunstâncias, se encontra excluído dela. Como os reclusos, que integram os mais de 90 cenários há oito anos.

“O presépio surgiu com o intuito de tentar construir comunidades, sentiu-se necessidade de criar algo que reunisse mais as pessoas desta terra”, confessa o padre João Torres.

E acrescenta: “Quando Jesus nasceu, em Belém, os primeiros a receber a novidade foram os pastores que viviam mais afastados da sociedade. Atualmente, quem está afastado da comunidade são os reclusos e é importante construir uma nova realidade sobre a perspetiva da reabilitação, para regressarem como pessoas melhores”.

Carregue na galeria para ver algumas fotografias da edição de 2023 do maior presépio ao vivo da Europa.

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