Durante o mês de dezembro, todos os caminhos vão dar à freguesia de Priscos, em Braga. É lá que pode ver o maior presépio ao vivo da Europa, uma tradição que existe desde 2006. Esta “viagem ao tempo de Jesus” conta com cerca de 800 participantes que dão vida a “uma história sempre antiga e sempre nova”. Tudo acontece num espaço com cerca de 30 mil metros quadrados e com mais de 90 cenários, com referências às culturas egípcia, judaica, romana, assíria, grega e babilónica.
Além de recriar a história da família nazarena, não vão faltar os ferreiros, os sapateiros que recuperam sandálias estrangeiras, os serradores que cortam a lenha, as tecedeiras, os camponeses e os oleiros a moldar o barro. A grande novidade deste ano é um acampamento militar, um alerta para “compreendermos que a guerra não pode ser solução para coisa alguma”.
Há mais de 17 anos anos que a Paróquia de São Tiago de Priscos, da Arquidiocese de Braga, organiza um presépio ao vivo com o objetivo de “proporcionar aos visitantes um encontro com o mistério do Natal”, explica o padre João Torres. A inauguração está marcada para o próximo dia 10 de dezembro, por volta das 11 horas. A edição deste ano vai refletir sobre a problemática do tráfico de seres humanos.
O evento inaugural contará com a presença de Nadege Ilick, uma jovem dos Camarões que foi vítima de tráfico humano, e conseguiu encontrar refúgio na cidade do Minho. Depois de fugir de um casamento forçado, passou pela Argélia, onde foi enganada com promessas de trabalho e acabou numa casa de alterne.
“Conseguiu fugir para a Líbia, onde acabaria por ser raptada por guardas prisionais. Na prisão foi espancada e torturada apesar de estar grávida. Com a ajuda do atual marido conseguiu fugir e foi socorrida pelo navio humanitário Sea Watch que atracou, mesmo sem autorização, no porto de Lampedusa, no verão de 2019”, explicou o padre.
Ainda não foi aqui que encontrou paz, uma vez que Itália fechou-lhe as portas. Foi Portugal quem a recebeu de braços abertos e a camaronesa acabou por ser acolhida pelo Colégio Luso-Internacional de Braga e por diversos voluntários e instituições da cidade.
A 17.ª edição desta iniciativa pretende, portanto, “ajudar figurantes e visitantes a refletir sobre o tráfico de seres humanos, um crime contra a liberdade pessoal que constitui uma das formas mais graves de violação dos direitos humanos”.
O presépio pode ser visitado nos dias 10, 17, 23, 25 e 30 de dezembro e 1, 6, 7, 13 e 14 de janeiro. A entrada é gratuita para crianças até aos 16 anos, sendo que os adultos pagam 5€. Todo o valor reverte para causas solidárias. O pagamento é feito no dia e hora da visita. Pode consultar os horários no site da iniciativa.
A seguir, carregue na galeria para ver algumas fotografias do maior presépio ao vivo da Europa.