É o artigo mais lido e popular da secção de viagens do “The Guardian” online nesta segunda-feira, 6 de setembro, embora tenha sido publicado há poucas horas. O interesse não é novo nem surpreendente: desde que abriu, em maio deste ano, a nova ponte suspensa de Arouca tem sido presença constante em meios de comunicação nacionais e internacionais — e volta agora a ter um novo destaque.
Não é para menos. Descrita como assustadora (em bom), recordista, fonte de adrenalina e de “alta ansiedade”, a 516 Arouca é considerada a maior ponte pedonal suspensa do mundo: uma designação que, também ela já esteve envolta em polémica quando se levantou a possibilidade de haver, afinal, uma ponte ainda maior.
Na altura, ficou esclarecido pela Câmara de Arouca, a responsável pela estrutura: a ponte semelhante no Nepal, mais comprida do que a de Arouca, terá inaugurado sem anúncio e já depois desta designação; e é ainda totalmente diferente no que respeita à “dimensão e todas as outras características”.
Ficou assim, e assim tem continuado, a indicação de maior do mundo. A mesma que motivou um repórter do “The Guardian” a pegar nos seus dois filhos adolescentes, ir ver em pessoa afinal do que toda a gente estava a falar, e relatar a sua experiência (ou várias experiências) no tal artigo que já é viral.
Nele, o jornalista relata como decidiu fugir com os miúdos para um fim de semana nesta região verde de Portugal, procurando aproveitar ao máximo a diversão ao ar livre que ela tem para oferecer.
E como, nas várias experiências vividas em Arouca, incluindo a de rafting no rio, “meses de angústia do confinamento se lavaram, de nós os três”.
Sobre o Arouca Geopark, lembra o jornalista britânico tratar-se de uma extensão de 328 quilómetros quadrados de “montanhas cobertas de urze e rios caudalosos”, a apenas 45 minutos de carro do Porto. “Pontilhada com aldeias semidestruídas e gado em liberdade, tornou-se o nosso destino preferido para o ar puro do campo e caminhadas nas encostas”, adianta.
Ainda no fim de semana anterior à visita à Ponte, Oliver Balch e os filhos tinham acampado perto da aldeia de Cando, um clássico vilarejo de montanha construído com pedra de xisto; e “apreciado um passeio de oito quilómetros através do vale vizinho, da antiga vila de Poço de Regoufe, a leste de Cando, até Drave, uma vila de pedra pitoresca na base de um riacho íngreme”.
Desta vez, pai e filhos tingam outro destino em mente: a 516 Arouca, nome retirado aos 516 metros de espaço vazio que a vertiginosa estrutura atravessa.
Dos seus filhos, de 11 e 13 anos, o jornalista diz serem “fãs obsessivos do Guinness Book of World Records”, e por isso a necessidade de conhecerem a maior ponte suspensa do mundo. Mas isso não quer dizer que tenham achado a travessia fácil, nem que não se tenham inicialmente recolhido com medo.
Dada a dimensão e altura, os adolescentes atravessaram cautelosamente, sendo relatada sempre uma clara sensação de segurança — o que não impede ainda assim, adianta o repórter, que “a visão, através das grelhas, das águas revoltas do Paiva lá em baixo” seja sempre fácil de gerir.
No entanto, depois da primeira travessia de 15 minutos, o regresso já foi feito num espírito mais audaz, com direito a filmagens e a uma experiência de rafting para completar o dia, adianta o jornalista que enuncia ainda as diferentes experiências e trilhos que toda a região do Arouca Geopark tem para oferecer.
Recorde-se que, depois de muita expetativa, especulação, alguns adiamentos, e enorme curiosidade, a nova ponte de Arouca, junto aos Passadiços do Paiva foi finalmente inaugurada a 2 e maio deste ano. A 516 Arouca surgiu como complemento aqueles que já foram eleitos por várias vezes como a Melhor Atração Turística de Aventura do Mundo nos World Travel Awards (e que entretanto também já reabriram): os Passadiços do Paiva.
Em junho do ano passado, tinha sido adiantado que a maior ponte pedonal suspensa do mundo estava a nascer em Arouca e estaria pronta em breve, sendo conhecidos os primeiros detalhes. A ponte é designada de “516 Arouca” por ter uma extensão de 516 metros. A estrutura tem ainda um vão de cerca de 480 metros e fica 175 metros acima do rio Paiva. Está construída junto aos Passadiços, tornando-se certamente uma das principais atrações turísticas do distrito de Aveiro.
Ao atravessar a ponte, pode admirar a magnífica paisagem sobre a Garganta do Paiva e a Cascata das Agueiras, ambos geossítios do território UNESCO do Arouca Geopark.
O bilhete, que também dá acesso aos Passadiços do Paiva, custa 12 euros, com descontos para jovens e séniores, que pagam 10€. Como se pode ler no site, não é permitido o atravessamento a menores de seis anos, nem se pode levar carrinhos de bebés ou animais.
Os bilhetes têm sempre de ser comprados online e os visitantes com comprovativo de morada em Arouca podem usufruir da experiência a título gratuito, se já tiverem o cartão-residente que por cinco euros lhes garante livre-trânsito durante três anos na ponte e nos Passadiços do Paiva.
Para quem ainda não conhece os Passadiços do Paiva, logo ali ao lado o incrível percurso em Arouca, Aveiro, favorito de tantos portugueses e estrangeiros reabriu também ao público a 5 de abril deste ano, com medidas de segurança devido à pandemia, tal como a medição de temperatura.
Conforme se explica no seu site oficial, além do controle de temperatura à entrada é também pedida aos visitantes a higienização regular das mãos e aquando da entrada nos Passadiços. Quem ali passa deve ainda fazer-se acompanhar de doseador individual de álcool gel para higienização das mãos ao longo do percurso e cumprir as regras de etiqueta respiratória.
É também pedido a quem faz o percurso que evite apoiar-se nas superfícies sempre que possível, e que use máscara aquando da validação dos bilhetes (entrada e saída dos Passadiços), no acesso aos WC’s e em situações de eventual interação com terceiros. A venda de bilhetes deve ser feita online onde já pode escolher a sua data a reservar.
Os passadiços percorrem 8,7 quilómetros de um troço incrível, num passeio intocado e rodeado de natureza selvagem, na margem esquerda do Rio Paiva, numa zona conhecida como a Garganta do Paiva, concelho de Arouca, distrito de Aveiro.
Ali encontra águas bravas, cristais de quartzo e várias espécies em extinção na Europa. Passa pelas praias fluviais do Areinho e de Espiunca, encontrando-se, entre as duas, a praia do Vau. Passa por pontes suspensas, pequenos lagos de água nas rochas, muitas sombras, a natureza no seu estado mais puro.
Inaugurado em junho de 2015, o caminho não tem tido sempre um percurso fácil: a 11 de agosto de 2016, um incêndio atingiu os Passadiços do Paiva, e destruiu 700 metros. O acontecimento obrigou a encerrar metade do trajeto (de oito quilómetros passou para quatro) e, durante vários meses, os visitantes foram obrigados a ficar pelo caminho. Em setembro de 2015, noutro incêndio, já cerca de 600 metros haviam sido destruídos.
Mas o troço reabriu, os passadiços foram recuperados e têm sido sempre melhorados. Após o primeiro fogo, o projeto sofreu algumas alterações e foram criadas normas mais restritas para os visitantes deste Património Geológico da Humanidade, segundo a UNESCO, recebendo agora a gigante ponte suspensa.
A partida é feita do Areinho – Espiunca, a partir de onde encontra quase nove quilómetros, sempre em frente. O percurso pedonal é feito em estruturas em madeira de pinho, que estão assentes em ferro implantado nas rochas.
O nível de dificuldade é considerado alto, devido sobretudo a acentuados desníveis: há zonas para subir e descer escadas, três troços de terra batida e a duração média é de cerca de 2h30 para cada lado.
Pode fazer todo o ano, este percurso que, além da sua óbvia e incrível beleza natural, ainda passa por vários Geossítios: Garganta do Paiva (G36); Cascata das Aguieiras (G35); Praia Fluvial do Vau (G30); Gola do Salto (G31) e Falha de Espiunca (G32).
O valor de entrada para os Passadiços do Paiva é de 2€ por pessoa. As crianças até aos dez anos não pagam e as pessoas que vivem em Arouca também não, uma vez que têm direito a um cartão de acesso gratuito ao local, sem limite de visitas.