Quando Manuela Loureiro se divorciou do marido e pai dos dois filhos, em 2009, nunca pensou que voltaria a viver uma história de amor, ainda que tivesse esse sonho. Contra todas as expectativas e já sem esperança encontrou, aos 53 anos, Carlos Jorge, que estava divorciado há pouco menos de um mês. Eram 10 horas da manhã do dia 17 de abril de 2018 quando recebeu o primeiro “olá” de Carlos no site de encontros Felizes.pt — e desde então nunca mais se largaram.
Mãe de dois rapazes — um com 29 anos e outro com 23 —, Manuela, de 58 anos, vive na Figueira da Foz, é advogada e esteve solteira durante cerca de 10 anos. Com os filhos já “com a vida feita” e fora de casa, saía à noite praticamente todos os dias com as amigas. “O meu grupo de amigos fumava imenso e eu acabava por fumar também, mas estava com uma asma horrível. A minha ideia era reduzir o tabaco e sabia que, se não saísse de casa, conseguia”, começa por contar à NiT.
Certa noite, há cerca de seis anos, em vez de sair com as amigas como era habitual, decidiu ficar por casa e, com a ajuda do Google, encontrou o site de encontros Felizes.pt, depois de ter colocado na barra de pesquisa “como conhecer pessoas”. O objetivo era mesmo esse: procurar novas amizades, sem segundas intenções.
“Como vi que não era preciso fotografias inscrevi-me, até porque não me queria expor muito”, diz. Foi precisamente para não revelar detalhes mais pessoas que criou um perfil com um nome e profissão diferente: era a Rita, de Coimbra, e era empregada de escritório.
Chegou a ter vários encontros, mas confessa que nunca se sentiu atraída por nenhum deles. “Lembro-me da última vez que conheci alguém pessoalmente antes do Carlos. Fomos até aos nossos carros no parque de estacionamento e ele perguntou-me se tinha gostado de o conhecer. Fiquei a pensar, esperei muito tempo até dizer que sim. Foi aí que comecei a pensar: o que é que estou aqui a fazer com esta pessoa que não dizia nada?”, recorda.
Um ano e pouco depois após se ter inscrito no site de encontros, começou a pensar em desistir. E explica porquê: “A maioria das pessoas vinham quase sempre com segundas intenções e, muitas vezes, nem disfarçavam”. Este era também um dos motivos pelos quais nunca deixava que a fossem buscar a casa: só se encontravam em lugares públicos. Até que chegou o Carlos, numa manhã de trabalho que poderia ter sido igual a todas as outras, mas revelou‒se um ponto de viragem na vida de Manuela.
“Já estava inscrita há cerca de um ano e já tinha desistido, pensei que não valia a pena perder tempo com aquilo. No dia seguinte, de manhã, cheguei ao escritório e vi que tinha um e-mail a dizer que alguém tinha visto o meu perfil. Era ele.” Natural de Lisboa, Carlos Jorge tem 53 anos, é pai de dois filhos, um rapaz com 10 anos e uma rapariga com 19, trabalhou num lar e agora é consultor imobiliário. Ao contrário de Manuela, inscreveu-se no site de encontros com um propósito: conhecer o seu próximo grande amor.
Depois de mandar aquele primeiro olá a Manuela, ficaram a trocar mensagens até à hora de almoço, à tarde falaram ao telefone e, cinco dias depois, tiveram o primeiro encontro. “Foi buscar-me à porta de casa com um ramo de flores, fomos jantar, mas não queria criar muitas expectativas. O que aconteceu foi que passámos o tempo todo a conversar e a rir, via-se perfeitamente que estávamos muito felizes. Conhecemo-nos pessoalmente e a partir daí nunca mais nos largámos”, conta Manuela. Conheciam-se há poucos dias, “mas parecia que o conhecia há anos”.
Na altura, Carlos estava a viver e a trabalhar entre Fátima e Leiria e fazia cerca de 80 quilómetros só para a ver. Até que decidiu vender o lar — algo que já andava a pensar fazer há algum tempo — encontrou trabalho como consultor imobiliário na Figueira da Foz e começaram a viver juntos no verão desse ano. “Identificamo-nos muito um com o outro. O Carlos é muito alegre, é filho único e fala todos os dias com a mãe, é bom companheiro, é trabalhador e está sempre muito feliz. Tem uma alegria contagiante e tem-me feito muito bem”, elogia Manuela.
Pode-se dizer que fazem quase tudo a dois e, três vezes por semana, frequentam aulas de dança em duas escolas da Figueira da Foz. “Já andava lá antes de o conhecer e convidei-o para experimentar. O Carlos não só gostou, como agora não me deixam aparecer lá sem ele”, conta.
Agora, estão juntos há quase cinco anos, ainda não são casados, mas já houve pedidos (e não foram poucos). Apesar de nunca ter respondido não, Manuela sempre adiou o compromisso, primeiro porque ainda era tudo muito recente e, depois, veio a pandemia. E se é para casar, então “tem de ser algo em grande”.
“Quando me separei tinha o sonho de viver um grande amor. Quando conheci o Carlos já tinha desistido há muito tempo e afinal vim a conhecê-lo aos 50 e tal anos. Não estava a contar, foi muito bom, temos uma vida muito tranquila, não nos chateamos com nada nem com ninguém”, diz.