Nas paisagens de Marvão, conhecem-se 27 dólmenes e três menires, erguidos há mais de cinco mil anos, e tantos outros abrigos com pinturas rupestres que nos levam numa viagem ao passado. Porém, nem todos os monumentos podem ser visitados por serem inacessíveis. Para contrariar essa frustração, a vila do Alto Alentejo criou uma rota especial para todos aqueles que querem conhecer o património megalítico do concelho, o mais antigo do mundo, com uma reserva arqueológica única.
A nova Rota do Megalítico, lançada pelo município dia 24 de janeiro, é da autoria do professor e arqueólogo Jorge Oliveira e foi criada para valorizar o património e a história do concelho. Dos vários monumentos que existem em Marvão, constam no percurso seis dólmenes e três menires e o sítio do Abrigo do Bufo, na Penha da Esparoeiro.
“Queremos dar a conhecer, com este roteiro, oito monumentos (sepulturas megalíticas) porque são os que têm melhor acessibilidade, pois, temos alguns em zonas de muito difícil acesso, propriedades privadas e onde há gado”, explicou Jorge Oliveira, citado pelo “Público”.
Espalhados pelo concelho existem também muitos locais com arte rupestre, por vezes em zonas menos acessíveis e pouco vigiadas. No roteiro sugerido, apenas foi sinalizado o sítio do Abrigo do Ninho do Bufo, onde existe uma pintura rupestre considerada “única” em Portugal”. Esta pintura encontra-se em pleno Parque Natural da Serra de São Mamede, junto à fronteira com Espanha, e retrata uma figura feminina a dar à luz. É a “primeira pintura explícita” de um parto até agora identificado.
Além dos sítios visitáveis, a nova rota disponibiliza informação vertical, com painéis explicativos em todas as sedes da freguesia. O roteiro também é composto por todo o material que foi recolhido nas escavações arqueológicas feitas ao longo dos anos no concelho e que pode ser visto no Museu Municipal de Marvão.
“A nossa aposta é fazer a ligação com o megalitismo de Valência de Alcântara”, em Espanha, e estender essa ligação “aos outros concelhos limítrofes do lado de Portugal, como Castelo de Vide e Nisa, para retomar esse espírito do megalitismo no Alentejo”, explicou.
