Com a chegada do verão e dos dias mais longos, começam também as habituais romarias às praias e piscinas para aproveitar o sol da melhor forma. Para aqueles que não adoram ficar com o corpo cheio de areia, as piscinas oceânicas são boas alternativas. Afinal, combinam o melhor dos dois mundos: água fresca e salgada do mar, sem as ondas e correntes que aterrorizam aqueles que não sabem nadar.
Em Portugal existem várias — e a NiT quis saber qual é a melhor e mais bonita do País. Lançámos o desafio aos leitores da NiT no final de junho, que tiveram cerca de uma semana para escolher a favorita.
O resultado não deixa margem para dúvidas: a Piscina das Marés, em Leça da Palmeira, é a grande vencedora. Conquistou 23,07 por cento dos votos. O segundo lugar ficou para as Piscinas Naturais de Porto Moniz, na Madeira, com 19,99 por cento, enquanto a Piscina das Azenhas do Mar, em Sintra, ocupou a terceira posição, com 15,11 por cento. Estas três piscinas oceânicas já foram destacadas, mais do que uma vez, em revistas internacionais.
Com um dos maiores areais do Norte de Portugal, a praia de Leça da Palmeira já é uma referência para os tempos de lazer desde o início do século XX, quando era frequentada pela colónica inglesa residente no Porto, refere a plataforma “Visit Portugal”. O areal ganhou um novo destaque a partir de 1966 — graças a uma “obra de arte”, como muitos lhe chamam. Afinal, é uma das criações mais emblemáticas do arquiteto Álvaro Siza Vieira.
A história da Piscina das Marés começa, na verdade, 20 anos antes da sua inauguração. A Câmara de Matosinhos estava empenhada em recuperar a importância da zona como estância balnear e já há muito que aspirava na construção de uma piscina de água salgada nas imediações da praia.
Com um orçamento inicial de 200 mil escudos, segundo adianta o jornal “Leça da Palmeira”, a autarquia contactou, em novembro de 1959, uma empresa de obras públicas especializadas em obras marítimas. A empreitada, contudo, não se revelou tão simples como esperavam. No decorrer do projeto, surge a necessidade de se enquadrar a obra com a paisagem envolvente — e é aí que entra o então jovem arquiteto de 26 anos, que já tinha concluído o curso de arquitetura da Escola Superior de Belas Artes do Porto.
Assim como a Casa de Chá da Boa-Nova, o complexo foi uma das primeiras obras de Siza Vieira. Classificada como Monumento Nacional desde 2011, o que era para ser um simples tanque de água salgada, com o vai e vem do oceano, tornou-se assim uma obra de extrema importância para a arquitetura portuguesa.
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É o único edifício português incluído no livro “Cem edifícios do século XX”, uma publicação de referência da arquitetura mundial coordenada por Thom Mayne e que reúne vários vencedores do Prémio Pritzker, entre eles Siza Vieira.
A Piscina das Marés fazia parte de uma estratégia maior para tornar Leça da Palmeira uma atração balnear forte. Construída sobre as rochas e estruturada ao longo do muro de delimitação da praia, de forma linear, destaca-se pela integração harmoniosa na paisagem marítima.
O complexo foi construído em betão, onde se utilizou um tom suavemente mais claro do que as rochas no terreno, evidenciando a ação do homem sobre o ambiente natural. Em 2016, quando se celebrou os 50 anos desta obra, foi lançado o livro “Piscina na Praia de Leça ‒ A Pool On The Beach”, com desenhos, fotografias, memórias, além de textos do próprio Siza e de outros autores. Está à venda por 37,50€.
Mais tarde, entre 2019 e 2021, a Piscina das Marés foi alvo de uma grande intervenção em virtude de deterioração de vários elementos, como a estrutura do betão armado, o tanque principal e o sistema de filtração de água salgada. O arquiteto natural de Matosinhos voltou a assinar o projeto de reabilitação e acompanhou de perto a execução dos trabalhos e todas as suas especificidades. A empreitada constituiu uma das primeiras experiências de reabilitação de edifícios em betão armado.
O investimento, no valor de 1,3 milhões de euros, envolveu a instalação mecânicas de bombas de captação e circulação, sistema de filtragem e tratamento de água, tubagens e infraestruturas elétricas. Foram ainda construídos novos balneários e foi aumentada a área de permanência ao ar livre.
Em junho de 2021, o complexo que aglomera duas piscinas de água salgada (uma só para miúdos) voltou a reabrir ao público durante a época balnear. A Piscina das Marés está aberta todos os dias entre as 9 e as 19 horas. Os bilhetes estão disponíveis online e custam 5€ (meio-dia) e 8€ (dia inteiro) para adultos. Os miúdos pagam 3.50€ (meio-dia) e 5,5€ (inteiro).
Com o final da época balnear, o complexo encerra ao público, sendo autorizadas apenas visitas guiadas de interesse arquitetónico ou técnico, ou atividades de caráter comercial.
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