Na cronologia de uma cidade, há ruas e edifícios que aprecem sobreviver a tudo. Noutros casos, a passagem do tempo é bem sentida, seja pelo que foi deixado ao abandono, seja por tudo o que podemos ver que mudou, não só na cidade como no mundo em geral.
A página Memórias de Lisboa é um lugar especial para visitar, mais ainda num tempo em que estamos obrigados a passar mais tempo em casa do que aquele a estávamos habituados nesse mundo pré-pandemia. A ideia é tão simples como certeira. Com trabalho interativo, e recorrendo a fotografias antigas e outra mais atuais, Francisco Seixas criou um cartão de visita especial da cidade de Lisboa, uma em que, lado a lado, a vemos como era antigamente e como as coisas mudaram.
A página conta com Facebook e Instagram mas é no site propriamente dito que encontramos a melhor experiência interativa. Com a ajuda do cursor e legendas a acompanhar, podemos visitar lugares como os Restauradores, a Avenida de Roma, o Largo do Rato, entre muitos outros.
Nalguns casos, antigos ícones como o cinema Éden ou o restaurante panorâmico do Restelo mudaram de forma bem clara. Outros, como a Praça do Município, já foram mais de passagem e, sem confinamento, tornaram-se um convite a uma pequena temporada na esplanada.
Ao todo há já 24 fotografias comparativas trabalhadoras pelo autor. O portefólio recorre a imagens de arquivo de espaços como o Arquivo Municipal de Lisboa ou a Gulbenkian e ao trabalho do próprio Francisco Seixas, que, não sendo fotógrafo, foi juntando as suas próprias imagens mais atuais destes lugares emblemáticos.
“Este site é fruto de uma ideia que tive quase uma década antes da sua publicação”, explica o autor no site. “A ideia”, conta, “nasceu em 2012, após encontrar o site do Arquivo Municipal de Lisboa e perceber que nele eram disponibilizadas centenas, se não milhares, de fotografias antigas da cidade, algumas de elevada qualidade. Em 2013 surgiram as primeiras fotografias concluídas, algumas das quais sobreviveram à evolução dos meus critérios de qualidade ao longo do anos e ainda podem ser vistas atualmente”.
Todas as fotografias são “tratadas e alinhadas em software, num processo semi-manual que permite chegar ao resultado que aqui se apresenta”. O projeto continua em aberto e vale a pena estar atento a novidades. No entretanto, fica o convite a um passeio virtual pelo passado e a passagem dos anos em Lisboa.