Na cidade

“Não queremos passar imagem de ostentação”. Valor do altar-palco vai ser revisto

Organização da JMJ garantiu cortar com tudo o que não for essencial. Ainda assim, lembra que a logística nem se compara à da Champions.
A polémica do momento.

“Nós não queremos passar uma imagem de riqueza, de ostentação, porque isso também fere os portugueses e os jovens”. As palavras são do bispo Américo Aguiar, coordenador da Igreja para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que, em entrevista à RTP3, garantiu que o valor e a dimensão do altar-palco vão ser revistos. A reunião acontecerá nesta quinta-feira, 2 de fevereiro, e a partir daí será eliminado “tudo o que não for essencial”.

O próprio admite ter existido uma falha na comunicação daquilo que é o evento. No entanto, argumenta que em causa está um evento que, efetivamente, “necessita de certos investimentos que estão previstos desde o início” — cerca de 35 milhões de euros.

Questionado sobre se a Igreja estará a cometer o “pecado da megalomania”, o Bispo pediu para que os portugueses deem o benefício da dúvida às entidades organizadoras. “Há quatro anos que estamos a trabalhar, em regime pro bono, para corresponder a uma dimensão de evento que Portugal nunca teve”, garantiu. “É uma logística inimaginável. Nem o Euro 2004, nem a Champions, nada disso é comparável. Vamos assistir a algo a que nunca assistimos nas nossas vidas”, disse.

Sobre o polémico altar-palco do Parque Tejo, o coordenador do projeto lembrou que o mesmo vai ficar para a cidade de Lisboa. Ainda assim, assegurou que nesta quinta-feira, numa reunião que junta todos os intervenientes no processo, vão perceber se é possível fazer cortes no orçamento.

“Vamos pedir aos técnicos que cortem tudo o que não é essencial para a segurança e para corresponder às necessidades mínimas” para a realização dos eventos, explicou. O responsável disse que a Igreja nunca impôs nenhum palco mas salientou que é necessário uma estrutura com visibilidade e que nele caibam pessoas a concelebrar, o coro, os jovens e convidados.

Os custos da JMJ têm estado em destaque depois de ser conhecido que a construção do altar-palco do espaço do Parque Tejo (com nove metros de altura e capacidade para duas mil pessoas), a cargo do município da capital, foi adjudicada à Mota-Engil por 4,24 milhões de euros (mais IVA), somando-se a esse valor 1,06 milhões de euros para as fundações indiretas da cobertura.

Além desta estrutura está prevista uma outra no Parque Eduardo VII, em Lisboa, com um custo até dois milhões de euros. O bispo disse que também esse empreendimento está a ser estudado e que se está a trabalhar para que seja “o mais minimalista possível”.

A JMJ tem um custo de quase 160 milhões de euros mas o bispo auxiliar disse na entrevista acreditar que esse valor não vai ser atingido. O orçamento da Fundação da JMJ ronda os 80 milhões de euros, 30 milhões deles para alimentação, explicou.

A Jornada Mundial da Juventude, considerada o maior acontecimento da Igreja Católica, vai realizar-se este ano em Lisboa, entre 1 e 6 de agosto, sendo esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas. As principais cerimónias da jornada decorrem no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures.

Lisboa pretendia receber pela primeira vez a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em 2022, mas devido à pandemia o maior evento juvenil católico do mundo foi adiado para 2023. A capital portuguesa irá receber este ano grupos de jovens de todo o planeta, além de contar com a presença do Papa Francisco, que também esteve na última jornada — que se realizou no Panamá em 2019.

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