A paralisação dos maquinistas da CP — Comboios de Portugal, que irá prolongar-se até 17 de março, sexta-feira, está a deixar muitos passageiros que dependem deste meio de transporte para se deslocar à beira de um ataque de nervos. Só na madrugada desta quinta-feira, entre a meia-noite e as 8 horas, a CP suprimiu 57 comboios dos 253 programados, tendo-se efetuado apenas 196.
Dos 66 comboios regionais previstos, não se fizeram 24 ligações. Já nos urbanos de Lisboa estavam planeados 115, mas foram suprimidos 23. Quanto aos urbanos do Porto, não seis, dos 53 que estavam previstos para aquele período não circularam. Apenas os comboios de longo curso não sofreram perturbações até às 8 horas.
Os trabalhadores estão a fazer “greve à prestação de trabalho a todos os períodos normais de trabalho diários que tenham a duração prevista superior a sete horas e 30 minutos” desde 10 de março. O protesto é novamente motivado pelo “impasse” nas negociações salariais com a administração da CP.
No final de janeiro, o Sindicato dos Maquinistas (SMAQ) referiu que o melhor que a empresa propunha era “um aumento global de quatro por cento ou um aumento de 51€ comum a todos os índices, o que representaria, neste caso, um aumento médio na carreira de 3,89 por cento”.
O tribunal arbitral decretou serviços mínimos de cerca de 30 por cento a nível nacional, bem como no que seja necessário à segurança e manutenção do equipamento e instalações e de serviços de emergência e comboios de socorro.
Esta ação de paralisação junta-se às várias que têm vindo a ser tomadas de forma contínua desde dezembro. Só no mês fevereiro registaram-se dois momentos de greve — de 8 a 16 e de 27 a 2 de março — que levaram à supressão de centenas de comboios por dia.