O primeiro navio elétrico da Transtejo chegou há poucos dias a Lisboa e ainda não parou de gerar polémica. A renovação da frota da empresa foi autorizada em 2019 e os dez navios elétricos adquiridos deviam ter começado a navegar o ano passado. Não bastava o atraso, uma das embarcações, o Cegonha-branca, chegou à capital com danos no casco e vai ter de ser reparada..
Segundo fonte oficial da empresa de transportes, os danos sofridos terão ocorrido durante a viagem, devido às más e imprevisíveis condições de navegabilidade, avança o “Observador”.
Sem especificar a gravidade dos estragos, nem avançar para já com um prazo para que este primeiro navio possa ser rececionado e encaminhado para os primeiros testes, a Transtejo adianta que a responsabilidade de avaliação de danos e da sua reparação pertence aos Astilleros Gondán, o fabricante que fretou o transporte.
“O estaleiro irá proceder à habitual e rigorosa avaliação do navio e irá determinar a realização das reparações necessárias. Os custos serão, naturalmente, assumidos pelo fretador do navio de carga, responsável pelo transporte”.
A empresa acrescenta que a entrega definitiva do Cegonha-Branca irá acontecer posteriormente. Só depois serão efetuadas as vistorias técnicas por parte da DGRM – Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos e o processo de legalização do navio. Passos considerados fundamentais para dar início à formação das várias tripulações da Transtejo a bordo.
Batizado de Cegonha-Branca, em homenagem à ave autóctone característica do estuário do Tejo, a embarcação abre espaço para os restantes nove barcos que ainda estão previstos chegar. A escolha do nome vai ser semelhante para todos os novos meios de transporte fluvial.
Inicialmente, estava previsto um investimento global de 57 milhões de euros e gastos de aproximadamente 33 milhões de euros na manutenção. Os números correspondiam a um período entre 2020 e 2035. Com a alteração dos valores, o Plano de Renovação da Frota da Transtejo atinge um máximo de 70 milhões de euros de investimento nos navios e aproximadamente 29 milhões de euros para a manutenção até 2036.
“Pelas suas características, a nova frota permitirá melhorar a experiência da viagem fluvial, alcançar ganhos em eficiência energética, reduzir os atuais custos de manutenção e eliminar a emissão de C02” (dióxido de carbono)”, reforça a empresa.
As controvérsias não ficam por aqui. Outro tema que tem gerado debate tem a ver com a aquisição de nove baterias, no valor de 15,5 milhões de euros, um contrato adicional ao que já tinha sido assinado pelo Tribunal de Contas (TdC), correspondente a 52,4 milhões. No entanto, só um deles é que tinha a bateria para a realização de testes. A controvérsia levou o tribunal a chumbar a nova compra na quinta-feira, 19 de março.
“A Transtejo comprou um navio completo e nove navios incompletos, sem poderem funcionar, porque não estavam dotados de baterias necessárias para o efeito”, refere o TDC, citado pelo “Expresso”. “O mesmo seria, com as devidas adaptações, comprar um automóvel sem motor, uma moto sem rodas ou uma bicicleta sem pedais, reservando-se para um procedimento posterior a sua aquisição.”
A Transtejo é a linha que assegura as ligações fluviais entre Lisboa e o Seixal, Montijo, Cacilhas e Trafaria/Porto Brandão. Com a entrega deste primeiro navio, as operações passam por Cacilhas, Montijo, Seixal e distrito de Setúbal.