Na cidade

O Melhor Carnaval de Portugal é um “reinado de foliões” que dura 6 dias

A chegada dos reis a Torres Vedras marca o início das celebrações carnavalescas eleitas as melhores do País pelos leitores da NiT.

Todos os anos, antes de os corsos tomarem conta das ruas com os seus carros alegóricos, os Reis do Carnaval chegam à estação ferroviária de Torres Vedras para receber as chaves da cidade das mãos do presidente da Câmara Municipal. Este momento assinala o início de uma “espécie de reinado da folia” que dura seis dias, naquele que foi eleito o Melhor Carnaval de Portugal pelos leitores da NiT.

A votação que decorreu na última semana culminou na quarta-feira, 26 de fevereiro. A disputa foi renhida, com o Carnaval de Torres Vedras a conquistar o primeiro lugar, obtendo 41,5 por cento dos votos. Em segundo lugar ficou o Carnaval de Loures, com 36,7 por cento dos voto; e, em terceiro, as festividades de Ovar, com 7,9 por cento.

“É um motivo de satisfação e um reconhecimento por parte dos foliões de todo o país, mas também representa uma responsabilidade para superarmos as expectativas ano após ano”, afirma Rui Penetra, presidente do conselho de administração da Promotorres, a entidade responsável pela organização do Entrudo.

O responsável acredita que o distingue a festa em Torres Vedras é “a capacidade de se manterem fiéis a muitas tradições”. Já lá vão mais de 100 anos desde a primeira aparição do rei, que foi interpretado por Álvaro André de Brito, e a linhagem real continua a ter um papel relevante nas festividades.

“O rei surgiu em 1923, e no ano seguinte, a rainha, também interpretada por um homem. Desde então, os monarcas têm sido sempre representados por pessoas da região”, explica. O legado histórico é perpetuado pela transmissão dos atributos reais, como as coroas, além de outros símbolos, como o corno e o abanico.

Na década de 1930, surgiram os cabeçudos e os carros alegóricos, que se destacavam pela sua excelência artística. Naquela época, a temática das festividades estava profundamente ligada ao contexto social local, misturando originalidade e humor.

“Ao longo dos anos, temos conseguido manter estas tradições, mas também de inovar. Em 1990, por exemplo, realizámos o primeiro corso escolar e, em 1999, introduzimos o primeiro Monumento ao Carnaval”, sublinha Rui Penetra. Esta construção, que satiriza a atualidade, é instalada no centro de Torres Vedras e começou por ser descrita como o “lançamento da primeira pedra(da)”. Inicialmente, a estrutura tinha dimensões reduzidas, mas cresceu, tanto em volumetria como em significado, nos anos subsequentes.

 
 
 
 
 
Ver esta publicação no Instagram
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Uma publicação partilhada por Carnaval de Torres Vedras (@carnavaldetorresvedras)

Atualmente, a inauguração do Monumento, que tem 10 metros de altura e acontece geralmente três semanas antes do Carnaval, é um dos momentos mais aguardados do programa, marcando o início das festividades. Este ano, o Monumento foi inaugurado a 8 de fevereiro, com a temática “50 anos, 25 de Abril”.

“Este ano celebramos a revolução e a liberdade. A peça central da estrutura é uma mulher que parece estar a libertar um pássaro, simbolizando tudo o que se tem conquistado ao longo dos anos em termos de igualdade de género”, destaca.

Como é habitual, o Monumento, que se destaca por ter muita sátira política e social, conta com personagens da atualidade, como Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro. Os protagonistas internacionais também ocupam um lugar de destaque, como Vladimir Putin e Donald Trump.

Uma das grandes inovações deste ano foi a inclusão de um código QR no monumento, que oferece um audioguia para pessoas invisuais, descrevendo a obra. “Para nós, é essencial trabalhar no sentido de criar condições para receber todos os foliões, por isso, temos dado passos em direção à inclusão. Haverá momentos com tradução para língua gestual portuguesa e uma plataforma para acolher pessoas com mobilidade reduzida. Queremos que seja um Carnaval acessível a todos”, enfatiza Rui Penetra.

As celebrações de Carnaval começam esta sexta-feira, 28 de fevereiro, com o corso escolar, que contará com um recorde de nove mil participantes. Os alunos irão “preparar as suas máscaras à volta da temática do 25 de Abril”, sendo este um dos pontos altos das festividades de Torres Vedras. Por volta das 22 horas, terá lugar a famosa chegada e entronização dos Reis do Carnaval, que chegam à estação ferroviária e seguem em cortejo até à Câmara Municipal para receber as chaves da cidade.

“Estabelece-se uma monarquia que se prolonga até à quarta-feira de cinzas, altura em que o rei é levado numa carroça em direção ao tribunal para ser julgado”, ressalta. No sábado, 1 de março, terá lugar o corso noturno, além de várias performances musicais em três praças. Os corsos principais, com os carros alegóricos e grupos de mascarados, realizam-se como de costume, no domingo (2 de março) e na terça-feira (4 de março), às 14h30.

Reconhecido como o Carnaval mais português de Portugal, a festa em Torres Vedras representa um investimento de um milhão e 150 mil euros e espera atrair cerca de meio milhão de foliões este ano. O kit oficial para o Carnaval de Torres Vedras já se encontra esgotado, mas ainda é possível adquirir a pulseira de livre-trânsito, que permite acesso a quatro corsos, disponível até 1 de março, por 16€, nas instalações da empresa Promottores E.M., no Posto de Turismo da cidade e na loja oficial do Carnaval. Os bilhetes diários, que garantem acesso a um dos corsos, custam 8€. A programação completa pode ser consultada no site oficial.

Carregue na galeria para ver fotografias do Monumento ao Carnaval deste ano e das edições anteriores.

ver galeria

ÚLTIMOS ARTIGOS DA NiT

AGENDA NiT