Há um novo mural para descobrir mesmo ao pé do rio Tejo, em Lisboa. Chama-se “Sem título (Totem)” e ocupa os 12 por 16 metros da fachada do LACS Conde D’Óbidos, um espaço de cowork que é também um polo criativo aberto ao público. A obra, a preto e branco, consegue transmitir enorme emoção, sobretudo graças aos olhos da figura representada.
Esta nova criação inaugurada a 31 de março é da autoria de Hugo Bernardo, o vencedor da edição de 2021 do Prémio Arte Jovem. Este concurso é o resultado de uma parceria entre o Millenium BCP e a Carpe Diem, um dos principais colaboradores do LACS.
“Costumamos ter várias exposições nos nossos espaços”, conta à NiT, Maria Inês Cabral, diretora de marketing do LACS. Muitas das obras em mostra vêm da Carpe Diem, um centro de arte contemporânea “que alavanca a arte em Portugal”.
“O Prémio Arte Jovem destaca vários artistas jovens, estando muitos deles ainda na universidade. Ao terem uma obra em destaque num mural com estas dimensões acabam por ganhar uma grande exposição”, acrescenta Maria Inês Cabral.
É impossível passar por aquela zona de Lisboa, em Alcântara, e não reparar na enorme parede que agora tem uma nova vida. E nem sequer precisa de estar no passeio. “Ligaram-me a dizer que conseguiam ver o mural quando estavam dentro do avião.” Além disso, “quem for ao miradouro das Janelas Verdes também o vai conseguir ver”.
O LACS tem outros espaços em Anjos e Cascais, mas o de Conde D’Óbidos “é o único com as dimensões suficientes para um trabalho assim”, confessa Maria Inês Cabral.
A obra de arte ficará por ali pelo menos durante seis meses, podendo este prazo ser prolongado até um ano. “As novas candidaturas começaram este mês”, revela. “Estão abertas até maio e em outubro serão selecionados os vencedores.”
Em março, é possível que nasça outra obra na enorme parede do centro de coworking. Até lá, poderá conhecer “Sem Título (Totem)”, a obra de Hugo Bernardo. Embora possa, para muitos, parecer uma figura abstrata, esse não é, de todo, o caso.
“Baseei-me numa imagem olmeca. Esta figura era um representante de reis e de deuses, e é um símbolo universal da humanidade”, explica à NiT o artista plástico. “Há vários temas que me interessam pelo valor antropológico, humanista e universal. É isto que guia o meu trabalho”, acrescenta. Chegou à figura anciã através de fotografias num arquivo digital.
Embora isto não seja observável no mural do LACS, a obra original de Hugo Bernardo é uma pintura anamórfica. Ou seja, muda de acordo com o nosso ponto de vista.
“A imagem tem dois lados. Um é um capacete futurista, e o outro é a cabeça olmeca. Um representa o passado, os primórdios dos tempos, enquanto que o outro parece algo saído da ficção-científica, e protagoniza a ligação entre os tempos. É quase como a cara e coroa da moeda, que competem pelo espaço. Aqui, está representado um conflito entre o tempo e há uma ideia de intemporalidade”, realça.
O autor vê aquela figura exposta no mural como uma “imagem guardiã que agora ocupa aquela área da cidade, enquanto olha para o céu”. Segundo Hugo Bernardo: “Entra no domínio da arte urbana, reclama o espaço público e não passa despercebido. É impactante ter uma obra numa escala destas.”
As candidaturas para a nova edição do Prémio Arte Jovem encerram às 23h59 de 27 de maio. Caso queira participar, basta enviar um email para a organização (artejovem2022@nullgmail.com).