A partir do momento em que uma imagem é publicada na Internet, o mais provável é que fique na web para sempre. Pensar em todas as nossas fotografias que estão online — e de que nem sequer nos lembramos — é realmente bizarro. Mais assustador ainda é poder ter acesso a todo este arquivo em meros segundos, desde publicações muito antigas a conteúdos que nem sequer foram partilhados por nós.
É esta a premissa da Pim Eyes, uma ferramenta gratuita de reconhecimento facial. Através do uso da inteligência artificial — na base do programa ChatGPT, por exemplo —, o serviço permite que as pessoas encontrem qualquer fotografia sua ou de outras pessoas que estão espalhadas pela Internet.
Depois de o utilizador carregador uma imagem sua, o mecanismo usa-a para recolher todos os conteúdos que estão disponíveis online. Para isso, o serviço vasculha todos os sites acessíveis ao público, como redes sociais, agências de notícias ou blogues.
De acordo com relatórios do “New York Times”, a ferramenta encontrou retratos com vários anos, mesmo que a amostra incluísse alguém com óculos escuros ou máscaras. Outros fatores como pelos faciais, cortes de cabelo ou o envelhecimento também não afetaram a pesquisa.
Considerado fascinante por alguns ou “o site de IA mais perturbador” por outros, tem sido criticado por ativistas pelo direito à privacidade. Em causa, está o uso da tecnologia para colocar mulheres e crianças em risco de perseguição por stalkers, por exemplo. Mas existe também quem acredite que pode combater a partilha sem consentimento.
Sobre o tópico, os responsáveis do Pim Eyes afirmam à estação britânica BBC que os riscos não são maiores do que nas redes sociais. Garantem ainda que as imagens não são guardadas no servidor. Em vez disso, é feita uma impressão digital do rosto através das principais características da pessoa.
Criado em 2017, o site polaco começou como um projeto pessoal e de lazer. Acabou por ser vendido em 2019 e, desde então, passou do desconhecimento para um serviço popular e infame.