É no alto do Parque Eduardo VII que está instalada uma das obras mais polémicas do escultor João Cutileiro, conhecida como o “monumento do pirilau”. A escultura de homenagem ao 25 de Abril foi inaugurada em 1997, mas será retirada daquela zona de Lisboa.
A instalação do segundo altar-palco da Jornada Mundial da Juventude, localizado no Parque Eduardo VII, vai obrigar à retirada provisória da obra de Cutileiro, que pesa 90 toneladas, devido a razões logísticas. Segundo o “Observador”, a Câmara Municipal de Lisboa já pediu autorização à família do escultor, que não colocou qualquer entrave.
O monumento, que foi encomendado pela Câmara Municipal de Lisboa, foi feito a partir de um pedestal que estava destinado a uma estátua do Santo Condestável. Tem uma forma fálica — como o próprio João Cutileiro reconheceu, por exemplo, numa entrevista ao “Correio da Manhã” — e tornou-se conhecido como “o pirilau” da cidade.
O escultor nunca quis explicar detalhadamente porque é que fez o memorial desta forma — dizendo que a obra representa-se a si própria. Aliás, Cutileiro sempre revelou um certo desconforto em relação a outros artistas que gostam de falar sobre as inspirações das suas peças.
No entanto, num artigo do jornal “Tal & Qual”, em 2007, João Cutileiro dizia que achava “graça” ao uso do termo “pirilau” para descrever o seu monumento, “porque é sinal de que há uma grande carência de pirilaus neste País”. E lembrou ainda que “o jato de água do Lago de Genebra tem uma ejaculação muito maior”.
Mais ou menos polémico, João Cutileiro foi um dos maiores nomes da escultura contemporânea portuguesa. Nascido em Lisboa, numa família burguesa antifascista, viveu e trabalhou durante vários anos em Évora, onde manteve o seu atelier até à morte. Em 2018, assinou com o Ministério da Cultura, o município de Évora e a universidade desta cidade, um protocolo de doação do espólio e casa-atelier do artista. O escultor morreu aos 83 anos, em janeiro de 2021.