Na cidade

Open House Lisboa: vem aí um dos eventos mais exclusivos da cidade (com entrada gratuita)

A 13 e 14 de maio, pode fazer várias visitas a espaços que habitualmente estão fechados ao público. É uma oportunidade única.
A expansão da Gulbenkian é um dos destaques do evento.

Quantas vezes passou à porta de um edifício e pensou que seria interessante visitá-lo? Há vários anos que o pode fazer, pelo menos durante um fim de semana por ano, graças ao Open House Lisboa. De espaços históricos a apartamentos modernos de ateliês portugueses, são vários os espaços habitualmente privados que poderá explorar. Este ano, a 12.ª edição decorre a 13 e 14 de maio, com mais de 70 espaços e percursos urbanos, eventos Plus, visitas sensoriais, adaptadas a pessoas cegas ou com baixa visão, ou com deficiência cognitiva e uma visita em língua gestual portuguesa.

“É difícil destacar algum. A vantagem deste evento é que tem uma oferta muito diversificada, portanto é impossível não encontrar algum espaço que não seja do nosso interesse”, explica Paulo Goinhas, um dos fundadores do ateliê Embaixada, responsável pela curadoria do Open House de 2023.

Sob o tema “Matérias do Tempo”, o evento leva os visitantes a questionarem a permanência dos edifícios, a sua vivência e a inexistência dos mesmos. “A novidade é que podem visitar não só os edifícios, que estão sempre lá, mas também espaços que estão em diferentes tempos do ciclo de produção: temos o vazio, a construção, o edifício e o depois dos edifícios ou ruínas”, afirma Paulo Goinhas.

Nesta lógica, os curadores têm a ambição, idealmente, que todos os visitantes explorem pelo menos um espaço de cada um destes tempos. E como, no meio de tantos edifícios, pode ser difícil decidir onde ir, deixam algumas sugestões.

“Por ser um momento único, diria que a visita à extensão do jardim da Gulbenkian é incontornável. Este é já um edifício marcante da cidade e ver este processo de construção num espaço assim é algo que só é possível fazer neste momento”, acrescenta Paulo. O arquiteto deixa uma sugestão extra para uma visita a este momento da arquitetura em construção: não muito longe da Praça de Espanha, pode conhecer a casa na Rua Marquês Sá da Bandeira, um projeto do Camarim Arquitectos. E também perto, Paulo sugere ainda a visita ao Atelier Noz na Travessa das Recolhidas.

Para lá dos edifícios — o antes e o depois

Já no conceito do vazio, da pré-existência de um edifício ou de uma construção, há também uma visita que não pode perder. A exploração do Vale de Alcântara, com foco no projeto de extensão do Metro de Lisboa, um projeto com autoria de Aires Mateus. Esta visita acontece a 13 e 14 de maio, entre as 14 e as 18 horas, acompanhada por voluntários que vão explicar aquilo que pode ser a cidade do futuro.

Nos tempos dos edifícios ou já de ruínas, Paulo Goinhas destaca dois dos percursos urbanos que o Open House oferece este ano. No caso do primeiro, trata-se de uma caminhada, no sábado 13 de maio, às 16 horas, que começa no Palácio da Ajuda, um edifício que representa a complexidade da construção e que, tendo sido  terminado em 2018, foi considerado durante muito tempo um espaço sempre inacabado. Aqui vai falar-se de memória e dos vários ciclos do tempo de uma construção, numa visita conduzida pelo arquiteto e cenógrafo José Manuel Castanheira, que termina na Galeria Lagoa Henriques, na Avenida da Índia.

De algo ainda com potencial de utilização do público aos espaços abandonados, com os quais “já não nos relacionamos emocionalmente”, Robert Panda, artista visual, leva os curiosos numa visita desde a Galeria Underdogs até à zona da Matinha, a decorrer no dia 14, pelas 17 horas.

“Queremos mostrar a relação entre as ruínas e o street art, como se juntam, desmistificar algumas questões ligadas a esta forma de expressão. E podemos deixar em aberto que haverá uma surpresa para quem nos acompanhar na visita”, revela à NiT o artista.

Para além dos percursos urbanos, o Open House Lisboa lança nesta edição o seu 11.º passeio sonoro, O Movimento Parado do Jardim das Amoreiras, com assinatura e voz da autora e jornalista Anabela Mota Ribeiro, para ouvir em passeio ou sentado no sofá. Em vários espaços do Open House Lisboa estarão também presentes os eventos Plus — atividades paralelas, como conversas, exposições, instalações ou saraus, assim como haverá também atividades dedicadas aos miúdos e família, e o Programa Acessibilidade, que inclui duas visitas sensoriais adaptadas a pessoas cegas ou com baixa visão, ou com deficiência cognitiva e uma visita em língua gestual portuguesa.

“Este é um evento que não é de e para arquitetos, mas sim para todas as pessoas. A arquitetura é a nossa paisagem natural que é construída. O nosso objetivo nesta abordagem é também lançar a discussão e a tomada de consciência de que existem demasiados espaços em ruínas, sem utilização”, conclui Paulo Goinhas, referindo-se à urgência atual de criar espaços de habitação para quem vive nas cidades.

Existem três formatos de visita à escolha: livres, acompanhadas por especialistas ou pelos voluntaários que são a cara deste evento. As visitas são todas gratuitas e, no site, é possível consultar todos os espaços que podem ser visitados, saber os horários e fazer reserva (quando necessário) até uma semana antes de começar o evento. Pode ainda criar listas de favoritos e partilhar as suas escolhas com a família e amigos.

Carregue na galeria para conhecer algumas das visitas livres que pode fazer nesta edição.

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Este artigo foi escrito em parceria com a Trienal de Lisboa.

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