Entre o Mosteiro dos Jerónimos, o Centro Cultural de Belém e os icónicos pastéis e Belém, encontramos uma das zonas mais concorridas da capital — e com bastantes áreas verdes nas redondezas. Aquela parte da cidade de Lisboa é conhecida como Praça do Império e é palco de uma guerra que promete prolongar-se.
Quem visitou estes locais, já se terá apercebido dos brasões florais das capitais de distrito, das ilhas e antigas colónias portuguesas que decoram parte do espaço. Os brasões são assunto de debate e hoje em dia já são quase irreconhecíveis e o que resta está previsto desaparecer com o plano de requalificação da zona, cujas obras já estão adjudicadas.
O “DN” conta que o assunto, que até já mereceu no passado ações de protesto, está a voltar a mobilizar os grupos de deputados municipais de PSD, CDS, MPT e PPM. Na passada terça-feira, 19 de janeiro, um voto de protesto contra a obra foi chumbado.
O “Público” já tinha avançado que o voto de protesto se impunha contra o facto de a empreitada de adjudicação ter sido feita e de a requalificação estar prestes a começar. A deputada de Lisboa do PSD, Virgínia Estorninho, vai promover uma petição pública para preservar o que considera ser “património histórico”, há já vários anos em estado de degradação.
O jardim da Praça do Império foi construído no tempo do Estado Novo, em 1940, por ocasião da Grande Exposição do Mundo Português. Em 1961, para assinalar os 500 anos da morte do infante D. Henrique, figura central no tempo dos Descobrimentos, e no âmbito da Exposição Nacional de Floricultura, foram projetados os brasões florais que hoje em dia continuam a ser alvo de debate.
Ao todo foram colocadas naquele ano 30 composições florais em forma de brasão representando as armas das capitais portuguesas e das ex-províncias do Ultramar, dois escudos (o da Ordem de Avis e o da Ordem de Cristo) e um relógio de sol.
O debate centra-se também em torno da narrativa histórica. Em anos mais recentes, o património dos Descobrimentos tem sido cada vez mais alvo de debate, não tanto pelo legado das expedições marítimas mas pelo lado de colonialismo e eventualmente escravatura que acompanhou a expansão de então. Já em 2017, o partido PAN havia proposto a alteração do nome Praça do Império para Praça da Lusofonia.