Na cidade

Os novos passeios pedestres e de moto 4 que mostram o encanto do litoral alentejano

Sofia Almeida e o pai juntaram-se para criar a Natour, uma nova empresa de passeios na natureza.

Sofia Almeida é natural de Vila Nova de Santo André, no litoral alentejano, e teve uma infância rodeada de natureza. Desde miúda que adora escapar para o meio do campo, um hábito que lhe foi passado pelo pai, Paulo Almeida, de 56 anos. 

“Sempre adorou passeios na natureza e conhecia muito bem esta zona da Reserva da Lagoa de Santo André e Sancha. Todos os domingos ou sempre que conseguíamos, andávamos pelo campo”, conta à NiT a jovem de 25 anos, que terminou recentemente o curso em Biologia Marinha.

Com o jipe da família, recorda-se perfeitamente de ir à caça de cogumelos que com o tempo aprendeu a identificar. “Uma das melhores memórias que tenho em criança era apanhar espargos. Gostava de tudo o que envolvia estar na natureza. Foi assim que cresci, a amar a natureza”, confessa.

Passava os dias a ver documentários sobre o tema e a curiosidade em saber mais sobre a conservação, a fauna e a flora levou-a a seguir biologia na faculdade. Terminado o curso, decidiu que queria mostrar o encanto do litoral alentejano e juntou-se ao pai para criar a Natours.

A empresa, criada em abril, nasce da vontade da família de dar a conhecer as paisagens, a história e a biodiversidade da Reserva Natural das Lagoas de Santo André e da Sancha e da Lagoa de Melides. “Decidimos juntar o conhecimento do meu pai, que conhece os caminhos como ninguém, com o meu conhecimento em biologia”, explica.

Além das “paisagens magníficas do litoral alentejano”, o objetivo passa por “mostrar que espécies existem e como podem ser preservadas”. Tudo isto através de passeios pedestres pela natureza e passeios de moto 4. Pelo caminho, Sofia será a responsável por partilhar tudo sobre as espécies migradoras e residentes que costumam ser vistas naquela região. “De espécies migradores temos, por exemplo, a cegonha branca e a andorinha-das-chaminés, e como residentes temos o pato-real, íbis-preta e o rouxinol-dos-caniços”, exemplifica. Por lá avistam-se várias espécies de mamíferos como javalis, ouriços-cacheiros e lontras.

A primeira atividade teve lugar a 4 de maio e desde então que há eventos todos os sábados de manhã, seguindo sempre os percursos do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). O próximo, agendado para este sábado, 18 de maio, vai levá-lo a conhecer o percurso pedestre do Salgueiral da Galiza, passando por observatórios de aves e miradouro com vista para a Lagoa.

Sofia Almeida.

Após o abandono da cultura do arroz nas várzeas da Lagoa de Santo André, a renaturalização dos solos tem vindo a ocorrer progressivamente. O salgueiral da Galiza é um exemplo desta renaturalização ocorrida nos últimos 30 anos.

O percurso circular, com 1,7 quilómetros de extensão, atravessa duas áreas de topografia e vegetação diferentes: a zona de montado, de maior altitude e de declive; e a zona do salgueiral, correspondente a uma área de várzea lagunar. A área é de particular interesse devido ao bosque de salgueiros de grande qualidade e raridade no contexto das zonas húmidas do sul de Portugal.

“Vamos falar das espécie, da conservação e da história da Lagoa de Santo André. Também levamos binóculos para conseguirmos ver as espécies e identificá-las”, refere.

A atividade arranca às 9h30 e tem a duração de cerca de duas horas. O passeio custa 15€ (adulto) e 12€ (crianças) e as reservas podem ser feitas online. O objetivo passa por organizar diferentes passeios a cada fim de semana, seja para quem tem experiência, ou para quem é amador. 

Para os que preferem uma atividade com mais adrenalina, há sempre a possibilidade de explorar a área através de moto 4, num passeio liderado pelo pai, Paulo. Aqui, poderá fazer a Rota dos Arrozais (120€), um passeio de dificuldade passa, que segue ao longo da costa até à serena Lagoa de Melides. 

Durante o percurso, que tem a duração de 1h30, os participantes terão a oportunidade de atravessar os campos de arroz, apreciar a beleza das praias e fazer uma paragem na Praia da Vigia. O regresso será feito pela zona de pinhal, que oferece uma “sensação de tranquilidade e imersão na natureza”.

Para uma aventura com mais adrenalina, pode sempre escolher a Rota do Pego do Salgueiro (220€), com a duração de cerca de quatro horas. A dificuldade aqui é mais elevada, mas é a atividade perfeita para mergulhar na natureza intocada e na riqueza histórica da região.

Ao longo do caminho, os participantes terão oportunidade de explorar os monumentos megalíticos da Pedra Branca, mas o ponto alto é mesmo a chegada à Ermida do Livramento, antes de seguir em direção ao Pego do Salgueiro.

“A nossa missão é promover atividades turísticas na natureza, no litoral alentejano, e permitir que o cliente tenha um contacto direto com a região. O mais importante é sensibilizar para a conservação e o respeito pelo ambiente”, sublinha.

Paulo Almeida.