Portugal continua a contar mais mortes do que nascimentos, algo que sucede consecutivamente há 13 anos. Segundo os número revelados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que tiveram em consideração os meses entre janeiro e outubro, 2021 tem um saldo natural negativo ainda mais elevado do que aquele que fora registado no ano passado.
Entre este período de tempo, a diferença entre nados-vivos e mortes foi de -37.596. No ano passado, na mesma altura, o número era -27.597. Se os dados do saldo natural dos meses compreendidos entre outubro e dezembro não forem elevados o suficiente, este poderá ser o ano com o número menor este século, perdendo apenas para o ano de 1918, marcado pela gripe pneumónica que matou aproximadamente 130 mil portugueses.
Se no ano passado o número baixo do saldo (-38.931 em dezembro) era causado pela quantidade elevada de mortes, desta vez, será causado pelos poucos nascimentos que ocorreram. Entre os primeiros dez meses de 2021, nasceram menos 5965 bebés do que no ano passado, segundo o INE. A incerteza quanto ao futuro, especialmente quando pensamos na pandemia, é a principal causa deste declínio.
“O clima de incerteza a todos os níveis — sanitário, social, relacional, económico — atua contra a natalidade. A Covid-19 veio agravar esta componente de incerteza que torna a decisão de ter filhos ainda mais difícil”, diz Jorge Malheiros, um investigador no campo da demografia, ao “Público”.