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Pegadas de dinossauros com cerca de 168 milhões de anos descobertas em Torres Novas

A descoberta foi feita há 20 anos por João Carvalho, mas só agora foram tornadas públicas. Os novos trilhos encontram-se uma área com cerca de 10.800 metros quadrados.
Foto: CM Torres Novas.

Há precisamente 20 anos, João Carvalho, da Sociedade Torrejana de Espeleologia e Arqueologia, descobriu pegadas de dinossauros com cerca de 168 milhões de euros numa pedreira desativada em Pedrógão, concelho de Torres Novas (Santarém). O achado foi mantido em segredo desde então, mas agora, duas décadas depois, a descoberta foi finalmente divulgada ao público este sábado, 28 de dezembro.

O responsável diz ter aguardado pela salvaguarda e proteção das pegadas para divulgar a descoberta, avança o “Expresso”. Os trilhos de pegadas de pegadas de dinossauros localizam-se na antiga Pedreira de Manuel Fernandes, rebatizada Pedreira do Espanhol, e encontram-se dispersos numa área com cerca de 10.800 metros quadrados, num estrato calcário datado do Jurássico Médio.

A Pedreira do Espanhol encontra-se atualmente em fase de limpeza, para reconhecimento do número total de trilhos e pegadas. Até ao momento, já foram reconhecidas pegadas de saurópodes de vários tamanhos.

Estas “novas” pegadas ficam a cerca de meia dúzia de quilómetros da Pedreira do Galinha, onde, a 4 de julho de 1994, também João Carvalho descobriu o maior trilho de pegadas de dinossauros saurópodes do mundo, com 175 milhões de anos, que hoje é Monumento Natural das Pegadas de Dinossauros de Ourém ‒ Torres Novas.

A decisão de tornar pública a descoberta prendeu-se ainda com a inclusão daquele monumento e do facto da Jazida com Pegadas de Dinossauros de Vale de Meios estar na lista dos 200 geossítios mais relevantes a nível global. Ambas estão situadas no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros.

“Sempre disse, inclusive ao parque, que quando precisassem um dia, depois eu dava a conhecer outras pegadas”, declarou João Carvalho à agência Lusa, citada pelo “Expresso”. Como a Pedreira da Galinha já está preservada, sentiu que era a “altura certa para incluir estas no geomonumento”.

Por outro lado, a necessidade de divulgar a descoberta surgiu devido à existência de atividades de todo-o-terreno clandestinas na área. Para que o local seja preservado, o responsável defende a criação de um percurso pedestre para ligar este achado ao Monumento Natural Ourém ‒ Torres Novas, à semelhança da existência de outros na zona.

Para João, “era muito importante” deixar as pegadas como estão, mas limpar e sinalizar, além de impedir a realização de atividades motorizadas. A descoberta vai trazer mais informação complementar à paleontologia.

O local pode vir a ter um “espaço de visitação diferente”, natural e “sem o artificializar”, segundo o diretor regional de Lisboa e Vale do Tejo do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), Rui Pombo. Seria uma forma de complementar a Pedreira da Galinha, onde já existe um conjunto de 20 trilhos, com marcas de pés e mãos de dinossauros bem definidas. Um deles tem 147 metros e é o mais longo que se conhece produzido por dinossauros herbívoros e quadrúpedes de pescoço e cauda longos.

As pegadas. Foto: João Carvalho.

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