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Pinker. Plataforma TVDE exclusiva para mulheres foi suspensa pelo IMT

A decisão surge porque “não pode haver discriminação na atividade de transporte individual e remunerado de passageiros”, segundo a lei.
Está suspensa.

A plataforma de transporte individual de passageiros (TVDE) Pinker, destinada exclusivamente a mulheres, teve o seu licenciamento suspenso pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT). 

A suspensão, confirmada pela responsável do projeto, Mónica Faneco, ao jornal “Público”, ocorre antes do lançamento do serviço, previsto para o final de novembro/início de dezembro.

Segundo a legislação em vigor, a atividade de transporte individual e remunerado de passageiros não pode ser discriminatória. O IMT, responsável pela análise e registo de plataformas, operadores e motoristas TVDE, recorda que a lei garante igualdade de acesso aos serviços para todos os utilizadores, independentemente, entre outros fatores, do sexo.

Embora a Pinker tenha apresentado esclarecimentos sobre o seu modelo de negócio, afirmando que pretende oferecer uma solução diferenciada dentro da legalidade, o IMT considerou-os insuficientes.

A empresa dispõe agora de 10 dias úteis, a partir da notificação, para apresentar novas justificações e responder ao projeto de decisão. Após essa análise, o IMT decidirá sobre a manutenção da suspensão ou a recusa do pedido de licenciamento.

“Naturalmente que não podemos concordar com esta decisão tomada ontem [sexta-feira, 29 de novembro], pelo que, neste momento, estamos numa fase de trabalho com o IMT por forma a dissipar toda e qualquer dúvida quanto à legalidade deste projeto, no qual acreditamos de forma muito convicta”, sublinha Mónica Faneco.

A fundadora, de 48 anos, idealizou a Pinker após uma conversa com amigas, durante a qual partilharam experiências negativas com serviços semelhantes. “Decidi criar uma alternativa prática e distinta para as mulheres. Pesquisei como poderia concretizar essa ideia e tudo começou a partir daí”, relata à NiT.

O nome “Pinker” foi escolhido por sua associação com a cor mais representativa do público feminino: o rosa. As últimas duas letras do nome referem-se ao inglês “her” (ela), o que reforça a identidade e a missão da plataforma.

Esta “revolução da mobilidade exclusivamente feminina” surge num momento em que a fundadora reconhece a necessidade de uma alternativa segura. “Como mãe e mulher, vejo que é essencial garantir um espaço seguro. Além das minhas filhas, desejo que todas possam se deslocar sem medo.”

A operação será realizada por meio de uma aplicação gratuita. As utilizadoras terão apenas de selecionar o destino e chamar uma condutora para serem levadas ao local desejado. Nos primeiros meses, as opções de uso serão limitadas, mas estão previstas novas funcionalidades, que abrangem diversas categorias de serviços, que serão lançadas dois meses após o início das operações.

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