Na aldeia de Paraduça, em Vale de Cambra, no distrito de Aveiro, as memórias de tempos antigos não são esquecidas. Ainda hoje se partilham moinhos comunitários para moer farinha, fornos para cozer broa de milho e vezeiras para partilhar a água. Todos os anos, inclusive, existe um evento (Mostra de Broa e Produtos Tradicionais) que permite reviver e homenagear as tradições que recordam a importância dos moinhos nesta aldeia que sempre viveu essencialmente da agricultura.
Situada entre as serras da Arada e do Arestal, as suas terras são banhadas pelas ribeiras de Paraduça e Agualva, que desaguam no rio Teixeira, considerado um dos mais bem preservados da Europa. A impressionante biodiversidade destes cursos de água e os vales encaixados são os responsáveis por criar ali um cenário incrível, no qual se destacam alguns recantos.
É o caso da cascata do Poço do Linho, localizada à entrada da aldeia, que encanta pela sua beleza — e pelos seus oito metros de altura. Junto à ponte que liga os lugares de Paraduça e Ervedoso, esta imponente queda de água é localmente conhecida por Poço do Linho devido à história das mulheres que ali viviam.
Segundo os habitantes, antigamente as mulheres lavavam o linho no poço que ali se forma, destinado à confeção de tecidos. Este tipo de atividade, que envolvia a utilização da água para lavar o linho, era comum nas áreas rurais de Portugal, especialmente em regiões montanhosas, onde os rios e as quedas de água eram vitais para o modo de vida das populações locais.
O trabalho das mulheres acabou por dar nome ao local. Aqui o grande destaque é que a queda de água principal, com cerca de oito metros de desnível, é secundado por outras de menor dimensão que caem sobre o granito de Junqueira. A água percorre um importante desnível, desde o planalto da Freita, até ao desaguar no rio Teixeira.
O poço que se forma ali não é fundo, sendo adequado para banhos a pessoas de todas as idades. Recentemente, em 2023, foram construídos uns novos passadiços que unem a cascata aos moinhos de Paraduça, para facilitar o acesso a estes locais naturais escondidos do território nacional.
@agdabadaro 📍A Cascata do Poço do Linho fica localizada na aldeia de Paraduça, freguesia de Arões, concelho de Vale de Cambra, no distrito de Aveiro. #valedecambra #cascata #portugal #primavera #aveiro #brasileirospelomundo #aveiroportugal #travel
O percurso em madeira tem início face à estrada principal da aldeia e entra cascata dentro. Com plataformas e escadas em madeira, a estrutura preserva os elementos naturais para minimizar o impacto visual.
A cascata é um dos pontos centrais da Rota da Água e da Pedra, um trilho que se destaca por valorizar elementos do património natural e cultural relacionados com estes dois elementos. Criado pela Montanhas Mágicas, este roteiro inclui nove percursos e 114 pontos de interesse, sendo a cascata parte do itinerário F, que diz respeito à Serra da Freita e abrange locais como as Gravuras de Trebilhadouro, o Canhão das Estacas e os Poços do Rio Teixeira.
Um pouco acima da cascata fica a famosa Rota dos Moinhos, com aproximadamente 11 quilómetros de extensão. O percurso passa por cinco dos moinhos que foram totalmente recuperados, em 2004, pela Associação de Desenvolvimento Turístico e Cultural.
Quando foram recuperados, os moinhos estavam, na sua maioria, abandonados e em acelerado estado de degradação. Atualmente apenas quatro deles encontram-se em funcionamento e são utilizados regularmente pela população. O quinta, apesar de ter sido recuperado exteriormente, não possui sistema de moagem.
Todos eles, com paredes de granito e telhados de lousa, são alimentados pela mesma levada de água, com origem na ribeira da Paraduça, localizando-se a noroeste da aldeia, em área agrícola. O primeiro da rota é o do Cabo, seguindo-se do moinho das Bouças e o da Cavada. A algumas dezenas de metros à frente situa-se o do Burmeiral e, mais acima, o do Castelo, que domina a vista sobre a aldeia.
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