Quanto mais nos aproximamos da Jornada Mundial da Juventude 2023, maiores são as controvérsias. O evento que foi apelidado como “o maior negócio de sempre da Igreja” tem estado envolvido em várias polémicas — e todas as semanas parece surgir uma nova. Depois do descontentamento com os gastos, e de os pacotes para os voluntários se terem tornado motivo de escrutínio nas redes sociais, chegou a vez de a revolta chegar a quem vai ser pago para lá trabalhar.
O ministro da Administração Interna, Luís Carneiro, garantiu na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades Garantias, que os polícias que vão trabalhar na segurança da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) vão ter redução de horários, remuneração pelo trabalho excecional e pagamento das ajudas de custo a 100 por cento. No entanto, o Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol) alertou para o valor em causa e para o facto de os polícias destacados — muitos deles fora de Lisboa — terem de pagar do seu bolso a dormida e refeições, por um período de seis dias.
Segundo o sindicato, os polícias terão direito às ditas ajudas de custo a 100 por cento, que serão de 43,39€ por dia. Contudo, por imposições legais, uma vez que estão a receber ajudas de custo, não lhes serão pagos os 6€ de subsídio de refeição.
Acresce que, também de acordo com o Sinapol, foi anunciado que seriam ainda disponibilizados locais de alojamento para os polícias, mas o que o MAI não disse é que estes terão de pagar do seu bolso esse alojamento. “Fala-se numa média diária de 10 a 15€”, contou ao jornal “Público” fonte do mesmo sindicato, sublinhando que os valores ainda não foram divulgados de forma oficial.
Além disso, refere o Sinapol, os polícias vão ter de suportar por conta própria três das quatro tradicionais refeições diárias (pequeno-almoço, almoço, lanche e jantar), uma vez que a comissão organizadora da JMJ vai disponibilizar apenas uma refeição gratuita por dia.
Feitas as contas, o sindicato deixa a questão ao Ministro da Administração Interna: “Considera justo e adequado que um polícia na realidade receba cerca de 10€ por dia limpos de ajudas de custo, para trabalhar na JMJ vários dias afastado da sua casa, da sua família e sem direito a estar de férias?”
O mesmo sindicato refere que está há dois anos a alertar sucessivamente a tutela para os baixos valores das ajudas de custo pagos aos polícias em diligência, uma vez que desde 2013 que “não sofrem qualquer atualização”, estando por isso “totalmente desfasado da realidade económica e financeira do País”.
O diretor nacional da Polícia de Segurança Pública já avançou que mais de 10 mil polícias vão estar mobilizados para a segurança e policiamento da JMJ, que se vai realizar em Lisboa na primeira semana de agosto. Desse total, 2700 vêm de outros comandos do País.