Há cada vez mais pessoas que querem aprender a fazer as próprias peças de roupa em vez de as comprarem em lojas de fast fashion. O aumento da procura por este conhecimento tem levado ao ressurgimento de práticas têxteis artesanais que estavam a cair no esquecimento. Agora, as netas que viam as avós a trabalharem com a máquina de costura, também querem aprender a fazer magia com as mãos — e os workshops de iniciação a estas técnicas multiplicam-se. A Retrosaria Rosa Pomar é um dos locais onde os pode frequentar. Além de vender lã e proteger as ovelhas de espécies ameaçadas também ensina os clientes a utilizarem agulhas.

Quando Rosa Pomar criou um blogue em 2007 que acabou por dar origem um site em 2008, estava muito longe de imaginar que o esse espaço online se viria a tornar uma loja física. “Nessa altura, a Rosa, que dá o nome à loja, começou a fazer uns bonecos de pano e tinha alguma dificuldade em encontrar os materiais que precisava para trabalhar. Começámos a ter de importar muitos desses materiais e, com isso, fomos aumentando as quantidades e decidimos abrir uma loja online”, revela à NiT Filipe Pacheco, um dos sócios da retrosaria.

O objetivo era simples: vender têxteis que até então não existiam em Portugal, bem como algumas peças que Rosa ia criando. Com o passar do tempo, acabou por ganhar uma grande popularidade. Em pouco mais de um ano, aquele domínio online ganhou um espaço físico no Chiado. “Estivemos lá durante 10 anos, éramos uma loja muito pequenina e escondida num segundo andar. Só ia lá quem nos conhecia efetivamente ”, conta.

Entretanto, em 2019, começaram a sentir que o local estava tornar-se pequeno para as necessidades que tinham e começaram à procura de um espaço maior, onde pudessem promover outras atividades. Há cerca de um ano, mudaram-se para o número 50A da Rua Maria Andrade, nos Anjos.

Ali, é possível encontrar não só os fios produzidos por Rosa Pomar, mas também outro tipo de linhas, de outras marcas destinadas a fazer tricô e crochê. Graças à dimensão da nova localização, foi ainda possível criar uma área dedicada a workshops.

“Durante muito tempo sentimos que havia uma procura por algo que se tinha perdido na ligação familiar. Muitas pessoas não tiveram oportunidade de aprenderem com a mãe e avó e querem descobrir uma forma de trabalharem com a máquina de costura”, revela Filipe Pacheco.

Graças aos cursos de iniciação à costura aos que ensinam os primeiros pontos de tricô, a retrosaria Rosa Pomar já formou muitas pessoas que começaram ali a sua aprendizagem, e que hoje em dia trabalham na área. “São sempre atividades manuais e procuramos que as pessoas se entretenham durante três horas, mas que saiam daqui com conhecimento. Queremos mesmo que aprendam algo”, diz o sócio.

Existem formações menos habituais, como os casos dos workshops para aprender a fazer colheres de madeira ou coroas de flores. Os mais comuns são os de iniciação à tecelagem, ao crochê, à costura e à da agulha fada do lar — e foi este último que a NiT experimentou.

Durante três horas são dadas dicas de utilização da agulha e conjugação de lãs e tecidos. O objetivo final é conseguir criar uma peça com três a quatro cores, recorrendo à agulha fada do lar (punch needle). Trata-se de uma técnica de bordar que está na moda devido à sua rapidez e simplicidade. Requer uma agulha especial, também chamada agulha mágica, e consiste em fazer perfurações no tecido para criar os pontos que conferem um efeito tridimensional ao desenho.

Não não necessários conhecimentos prévios para participar neste workshop destinado a maiores de 14 anos. Os fios e o tecido que irão ser utilizados na aula estão incluídos no valor da inscrição, mas os alunos devem levar uma agulha fina específica para esta técnica e um bastidor com 15 centímetros. Ambos podem ser adquiridos na própria retrosaria.

O curso tem a duração de três horas e a inscrição custa 65€. O próximo workshop de iniciação à agulha fada do lar está marcado para 21 de janeiro (sábado), entre as 10 e as 13 horas.