A primeira abordagem chegou em 2019, quando o Clube Naturista do Centro contactou a herdade alentejana para perceber se seria possível fazer algo inédito em Portugal — e provavelmente no mundo. Entre a pandemia e burocracias, a vindima naturista avançou, mas só se realizou dois anos depois.
No domingo, 19 de setembro, um grupo de cerca de 20 naturistas viajou até à Herdade do Canal Caveira para participar na tradicional apanha da uva. A quinta de 45 hectares — 25 deles de vinha — fundada em 2013 foi o palco do evento que a parece ter colocado no mapa.
“Acho que é mesmo inédito em todo o mundo”, explica à NiT a sócia-gerente da herdade, Vanda Paiva. “Temos recebido chamadas de Espanha a Itália, a perguntarem se se podem juntar a nós para outros eventos.”
As imagens da vindima a nu rapidamente chegaram a outros países e, claro, a publicidade despertou o interesse de outros naturistas. Do lado da herdade, a proposta pouco usual foi recebida com agrado e naturalidade.
“Nós dissemos que sim sem qualquer problema. O evento aconteceu a um domingo, porque também não temos cá ninguém — e o grupo vindimou sozinho numa vinha à parte. Não estava lá mais ninguém a não ser os membros do clube e da federação”, nota a proprietária da quinta.
A vindima não se circunscreveu à vinha. Os visitantes puderam também fazer uma prova de vinhos durante uma visita guiada à adega onde são produzidos vinhos certificados da Península de Setúbal. Esta parte da atividade, contudo, já aconteceu com roupa, até porque nem poderia ser de outra forma.
“Não recebemos pessoas despidas na adega, até porque não o podemos fazer, já que se trata de um produto alimentar”, explica Vanda Paiva que, ainda assim, assegura que a experiência é para repetir. “Os visitantes terão, no entanto, que vir a partir do Clube de Naturistas do Centro ou da Federação Portuguesa de Naturismo.”
Surpreendidos pelo impacto positivo desta vindima pouco usual, os responsáveis pela Herdade do Canal Caveira sublinham também a naturalidade da atividade. “É algo natural, que não faz mal a ninguém, e também não é ilegal. É uma atividade como qualquer outra que fazemos por cá.”